terça-feira, 27 de abril de 2010

HISTÓRIA MAL ASSOMBRADA

HISTÓRIA MAL ASSOMBRADA
De: Ysolda Cabral



Tocha, segundo o dicionário: “1. Vela grossa e grande de cera; brandão; facho; círio. 2. Fig. Luz, brilho.” Segundo a crendice popular, lá pelas “matas da minha terra” no meu tempo de menina, significava alma penada, a qual em noite escura aparecia para assombrar quem encontrasse pela frente.

Minha tia Maria José, a melhor tia que uma sobrinha poderia ter na vida, gostava de levar a mim e a minha irmã mais velha Yara, para passarmos os finais de semana no Sítio do pai dela, nosso avô materno Zuza. Gostávamos de ir mesmo sendo vovô um homem muito autoritário, exigente, mas adorava ler pra gente, ( em Cordel ) “histórias de trancoso” (Carochinha) como “O Pavão Misterioso”,e, só por esta razão, se tornava menos desagradável.

O sítio era lindo, tipo brejo; com casa de farinha, açude, cavalos, uma casa grande e muito agradável. Flores, frutos dos mais variados; um clima gostoso e muito saudável. Durante o dia era uma farra só. Banhos de açude, “escaladas” nos pés de Jabuticaba, Laranja, Manga, Goiaba...

Quando chovia, tia Maria José nos ensinava a fazer casinhas de areia, aproveitando a terra molhada. Colocávamos a areia em cima de um dos nossos pés e socávamos bem. Depois retirávamos o pé, bem devagarzinho pra casinha não cair, e, lá estava ela, linda! Parecia uma oca indígena. Em sua entrada, fazíamos uma estradinha com flores silvestres.

Nos finais de tarde íamos perturbar vovô na casa de farinha, para lanchar beiju, feito por baixo da farinha da mandioca e pé-de-moleque assado na folha da bananeira, no forno da casa de farinha. – Nossa, era uma delícia!

À noite; bem à noite...

Não havia eletricidade e ficávamos a luz de candeeiros. Logo após o jantar, nos reuníamos no terraço da casa grande para ouvir as histórias que vovô lia. Quando ele cansava, meu tio José se encarregava de contar as suas. Todas mal assombradas, que ele inventava, as quais nos deixavam sempre de cabelo em pé e querendo dormir na cama de minha tia.

Certa noite ele contou a história de uma alma penada que se transformava em grande tocha e vivia pelas redondezas assombrando os moradores do local.

Para afugentar o medo, começamos a zombar dele.

De repente, bem à nossa frente e do nada, uma enorme bola de fogo apareceu e foi se aproximando, se aproximando e se aproximando...

Um vento frio e esquisito apagou os candeeiros e o pessoal gritando se levantou apavorado. Todos queriam entrar na casa ao mesmo tempo. Uma verdadeira loucura!

E, se não fosse a minha tia nos proteger com seu próprio corpo, acho que teríamos sido esmagadas.

Nunca esqueci este episódio real e verdadeiro, posso assegurar. E, quem estava lá também pode.

Até hoje me pergunto o que teria sido àquilo.


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Publicado no Recanto das Letras em 27/04/2010

Código do texto: T2222727

segunda-feira, 26 de abril de 2010

INDIFERENÇA

INDIFERENÇA
De: Ysolda Cabral


Tudo amanheceu claro,
O ar ameno e descansado,
As árvores bem verdinhas,
Tudo parecendo renovado.

O orvalho sobre as plantas,
Ilumina a redondeza,
Limpa a minha alma,
De todas as asneiras.

A noite me pareceu boa,
Sem sonho e sem pesadelo.
Dormi e hoje acordei;
Apenas...

Mais um dia se inicia,
- estou pronta –
Nada vou esperar,
Não adianta...!

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Publicado no Recanto das Letras em 26/04/2010
Código do texto: T2220230

domingo, 25 de abril de 2010

A VIDA É ASSIM

A VIDA É ASSIM
De: Ysolda Cabral


No espaço estranho e vazio,
Do sentimento de perda,
Uma luz se apresenta,
Que nos faz prosseguir...

A solidão é profunda,
E no mar do abandono,
De ondas intransponíveis,
Não podemos desistir.

Continuar é preciso, me digo.
E, com parcos recursos,
Quase sem saber nadar,
Respiro fundo e continuo.

A onda gigante passa afoita,
Mas tira de mim o peso do mundo.
Agradeço, me animo, perco o medo.
E, novo horizonte vislumbro, pois...

A vida é assim.

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Publicado no Recanto das Letras em 25/04/2010
Código do texto: T2219229


AI QUE SAUDADES DE MADALENA...

AI QUE SAUDADES DE MADALENA...
De: Ysolda Cabral




Por um bom tempo “Madalena” foi minha companheira de todas as horas. Se a tristeza me abatia corria pra ela, e, juntas, botávamos o pé na estrada, sem destino e a qualquer hora. Não havia tempo ruim pra gente. Disposição pra viajar não nos faltava. O dinheiro, sempre muito curto, era o problema, mas nada de muito significativo. Éramos econômicas, harmônicas e sem pressa alguma. Aqui e acolá parávamos para renovar as “baterias” e seguíamos viagem.

Nunca tivemos atropelo algum. Nosso “casamento” era perfeito. Até que resolvi trocar “Madalena” por um “Príncipe Encantado”, bonitinho e ordinário. Toda manhã não queria sair de casa, de jeito algum, e, nas manhãs de inverno, o inferno era maior. Eu fazia de tudo pra ele querer sair e nada. Quando cismava, cismava mesmo. A confusão era tanta que terminávamos por acordar toda a vizinhança.

Nossa “convivência” foi ficando cada vez mais desastrosa difícil de ser apaziguada e eu resolvi me separar dele definitivamente. Porém, como ele, além de tudo era alcoólatra, essa separação não seria nada fácil. Depois de muito pelejar, uma amiga psicóloga resolveu investir naquela relação e o tirou de mim. – Que alívio!!!

Resolvido o problema logo arranjei um novo companheiro, e, mais outro e mais outro, até que cheguei num bem novinho e disposto, mas quem já não tinha mais tanta disposição era eu.

Quanto a minha querida e adorada “Madalena” deve ter ido parar nas mãos dos “Mamonas Assassinas”, se tornou amarela e depois do lamentável ocorrido, nunca mais tive notícias dela.

Ai que saudades de “Madalena”! (Rsrs)


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Publicado no Recanto das Letras em 23/04/2010
Código do texto: T2214998

MEU ANIVERSÁRIO

MEU ANIVERSÁRIO
De: Ysolda Cabral


Acordei cedinho, cedinho
Com o canto dos passarinhos
Cantando parabéns para mim
Me dei um alegre bom dia

Dia que amanheceu lindo
Ensolarado com Céu Azul e Branco
Bem misturado, contornado de fios dourados
Dos belos Raios do Sol recém acordados

Fiz a minha oração matinal
Me levantei disposta e feliz
E fui acordar a minha filha
- o meu presente de Deus –

Antes, minha hortelã me olhou
- ando tão esquecida dela! –
E mesmo de cara feia
Deixou-me sentir seu cheirinho
Agradeci e fui embora sorrindo

No quarto de minha filha
Sentindo o seu perfume de botão de rosa
Misturado com cheiro da terra molhada,
- pura essência da minha existência -
Compreendi que, desta Vida,
Tenho tudo e não preciso de nada.
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Publicado no Recanto das Letras em 22/04/2010
Código do texto: T2212159

terça-feira, 20 de abril de 2010

O REPOUSO DA GARÇA

O REPOUSO DA GARÇA


No lago de águas plácidas
Esverdeadas pela mata
A Garça, apenas pousada,
Na noite clara de luar
Repousa...

No espelho d’agua
O seu "retrato" lhe faz companhia
Na solidão da noite fria

E no repouso tranqüilo
Adormece a branca Garça
Indiferente a chegada de novo dia.


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Publicado no Recanto das Letras em 20/04/2010

Código do texto: T2208906

segunda-feira, 19 de abril de 2010

NO MUNDO DA MÚSICA

NO MUNDO DA MÚSICA
De: Ysolda Cabral


A música me arrebata
Me leva por caminhos
Floridos, coloridos, perfumados
Que acalmam a minha alma

Com a música me perco
Num mundo de sons magníficos
E é nele que encontro comigo

Sem muito pensar
Me permito apenas sentir
E vou me deixando existir
De maneira simples assim

Gosto disso, gosto mesmo
Pois novas metas eu traço
E de lá trago para cumprir aqui.


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Publicado no Recanto das Letras em 19/04/2010
Código do texto: T2207009

sexta-feira, 16 de abril de 2010

"PALHAÇO DO MAL EM FESTAS INFANTIS"

"PALHAÇO DO MAL EM FESTAS INFANTIS”
De: Ysolda Cabral




Cartas ameaçadoras, assinadas pelo “Palhaço do Mal”, bem como telefonemas anônimos, perseguições e muito terror, é o que vem sendo utilizado por pais suíços nos preparativos das festas de aniversários de seus filhos.

Acabei de escutar esta notícia numa rádio local. Informava ainda o locutor que, isso ocorre pelo menos duas semanas antes do aniversário da criança. O ponto alto deste “modismo” acontece no dia da festa com a chegada do respectivo palhaço, o qual dá de parabéns ao aniversariante uma torta bem no meio da cara.

Medo, terror, violência e agressão são requisitos para o sucesso de uma festa infantil?! Aonde vamos parar?!

Que mundo é esse afinal?!

Como se não bastasse os vídeos games, os desenhos assombrados, digo, animados, o computador... Agora uma coisa dessas?!

Não quero nem pensar como será essa criança quando crescer.

Será que isso já chegou por aqui?!

E, como diz o meu colega Cláudio Willams; “Valei-me!”

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Publicado no Recanto das Letras em 16/04/2010
Código do texto: T2200376

quarta-feira, 14 de abril de 2010

SE A MODA PEGA


SE A MODA PEGA
De: Ysolda Cabral



Não sou, em nenhuma hipótese, modelo de boas maneiras e/ou educação. Entretanto, no básico sou craque. É impressionante como a maioria das pessoas está esquecida das regras mais simples da boa educação. Aquelas que a gente aprende em casa com os nossos pais.

Consideração e respeito quase ninguém mais sabe o que é! Os que sabem são ridicularizados, tidos como ultrapassados e classificados de “persona non grata”. A cordialidade e a gentileza, quando existem, há outras razões por trás. As pessoas não se dão bom dia, não usam ”por favor,” “muito obrigado”; não esperam o outro calar pra falarem, e, quando falam, falam de boca cheia, alto demais e sempre querem ter razão. Sorriem as gargalhadas e por aí vai.

Outro dia estava conjecturando sobre essa nova realidade dos tempos modernos e me recomendando cuidado para essa “moda” não me pegar – por que coisa ruim pega e pega fácil – quando uma amiga que, enquanto fazia um lanche, falava sem parar. Comia, falava, bebia o refrigerante, falava e sobrava sanduíche e refrigerante pra todos os lados. – Um horror! Aquilo me deu uma aflição que não me contive – nunca me contenho – e pedi que ela engolisse primeiro para depois falar.

- E l a n ã o g o s t o u!!

A partir de então ficou me olhando atravessado. Quanto a mim, passei a observá-la melhor. Normalmente não sou boa observadora, entretanto, quando me proponho a observar alguma coisa, observo pra valer.

Foi aí que descobri que, além de falar de boca cheia, de não dar bom dia, e outras coisinhas mais, quando ela espirra faz “chover” pra tudo que é lado. Nunca tinha visto nada igual! - Que coisa!!! (Rsrs)

Não perdoei e na hora, meio de brincadeira, lhe sugeri que fosse morar no alto sertão, pois lá se precisa de muita chuva.

Ela me fulminou com o olhar e foi embora sem se despedir!!!!.

E, foi assim que ganhei uma "arquiinimiga".

Será que estou ficando com tolerância zero ou a “moda” me pegou?

Publicado no Recanto das Letras em 14/04/2010
Código do texto: T2196566

segunda-feira, 12 de abril de 2010

ONDE ESTOU

ONDE ESTOU
De: Ysolda Cabral e Cyla Dalma


Estou num lugar qualquer
Na trajetória do aleatório
Onde você não está

Longe, realmente bem longe
Um lugar que eu nem sei localizar

Estou ilhada, estou confusa
Estou em completa solidão

Deve ser outro mundo
De enigmático mistério
Sem equilíbrio no cósmico
Onde transborda minha emoção

E para ser bem sincera
Não quero você perto
Mas é em vão

Se sei lá ou se sei não
Eu não sei não
Só sei que não consigo
Arrancar você da minha alma
Nem do meu coração.

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Cyla,

Muito obrigada por mais uma bela parceria.

Ysolda Cabral

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Publicado no Recanto das Letras em 12/04/2010
Código do texto: T2193316

sábado, 10 de abril de 2010

ÁREA DE RISCO

ÁREA DE RISCO
De: Ysolda Cabral


Ela chegou também aqui,
Refrescante e muito bela...

Que sua vinda seja benéfica,
Pois, apesar de merecermos,
Deus nos livre da vingança dela.

A Natureza é assim...

Bonita, perfeita e caprichosa,
Igual a toda mulher que ama,
Também precisa ser amada.
Senão muita desgraça,
Será logo anunciada.

Portanto, fiquemos atentos,
Não nos deixemos enganar,
Com o jeitinho sereno,
Que ela acaba de chegar.

Em forma de chuva fina,
Toda coquete e inofensiva,
Apenas convidando,
Pro aconchego do lar.

Se você mora em área de risco,
Nem pense este convite aceitar.

- Saia logo daí!
Vá passear ou pra casa de amigos.
Se proteja do chuvisco,
Pois ele pode lhe matar.
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Publicado no Recanto das Letras em 10/04/2010
Código do texto: T2188421

sexta-feira, 9 de abril de 2010

INCÓGNITA

INCÓGNITA
De: Ysolda Cabral


Entre nuvens pesadas;
Um Corredor Azul...

Em mim;
Ainda há poesia?!

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Publicado no Recanto das Letras em 09/04/2010

Código do texto: T2186648

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O IMPORTANTE É AMAR



O IMPORTANTE É AMAR
De: Ysolda Cabral


Há Momentos de tristeza infinita...
Tão descabidos que pensamos morrer,
Mas logo a beleza da vida nos faz reviver.

A lembrança de um grande amor,
Vale cada lágrima derramada,
No caminho percorrido da dor,
Pela mais pura e infinita saudade.

Quanto às ciladas...
São próprias das encruzilhadas,
Não devemos subestimá-las.
Contorná-las e nos esquecer delas,
É atitude sábia e mais correta.

Água, fogo, terra e mar...
Ah! Sublimes e maravilhosos deuses.
Não há como viver sem eles,
Nem os deixar pra lá.

Palavras podem de fato nos enterrar,
Porém os nossos reais sentimentos,
Irão com a gente pra qualquer lugar.

Que importa a lágrima derramada,
Seja de tristeza ou de saudade,
Se depois sempre vem um sorriso,
Mais intenso e mais bonito?

O importante é amar.

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À poetisa Sarah Aline
Em interação à sua poesia
“PERSPECTIVAS E CERTEZAS”


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Publicado no Recanto das Letras em 02/04/2010

Código do texto: T2172746

quinta-feira, 1 de abril de 2010

PÁSCOA NUMA SÓ VOZ

PÁSCOA NUMA SÓ VOZ
De: Ysolda Cabral


Que nesta Páscoa
O amor de Cristo
Em toda sua plenitude
Seja assimilado e praticado
Com muita sinceridade

Seja por crentes, descrentes
Barrigas cheias e bem vestidas
Famintos e descamisados

Que a Paz reine independente do lugar
Ou do tempo que durar
Sendo apenas por um momento
Já estará valendo

Que a dor e a maldade cessem
Que os enganos sejam esclarecidos
E as diferenças sejam amenizadas

Que a oração seja uma só
E que a consciência do presente que é a Vida
Seja compreendido, valorizado e agradecido
Por uma só voz.

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Publicado no Recanto das Letras em 01/04/2010
Código do texto: T2171155