sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

QUALQUER CANTO


QUALQUER CANTO
De: Ysolda Cabral




Como pena ao vento,
Aos primeiros minutos de dois mil e onze
Dando cambalhotas no ar,
Sem ver o Céu, a Terra ou o Mar,
Finalmente compreendo:

Não importa os contratempos,
Não importa o sofrimento,
Não importa a solidão...

Deixo tudo com o Tempo,
Senhor de todos os destinos,
E dou adeus à ilusão.

E, com a clareza dos que sentem,
Estar vivendo em outro plano,
Vou “planando” no infinito,
Até cair em qualquer canto.



*****


E, "caindo " no meu blog, registro votos de Feliz Ano Novo para todos os blogueiros de plantão. :)

Publicado no Recanto das Letras em 01/01/2011
Código do texto: T2702553

sábado, 25 de dezembro de 2010

CARTA PRA NOEL

CARTA PRA NOEL
De: Ysolda Cabral


Com o lápis grafite,
Armei minha árvore de Natal,
Num pequeno pedaço de papel.

Nela coloquei a Estrela Guia,
E uma carta pra Noel,
Que dizia:

A despeito de ter crescido,
A despeito do tempo perdido,
A despeito de tudo que faço e digo;
Ainda sou criança,
E, quero continuar assim.

Entretanto, para que isso aconteça,
Preciso que me traga de presente,
Um pouco da minha antiga alegria,
Uma porção de confiança,
E um “pote” grande de fé.

É que a reserva que eu tinha,
Depois de tantas lágrimas,
Está totalmente em baixa.

E, sem fé, me sinto perdida,
Uma louca desvairada,
Quase inanimada,
Não consigo nem ficar de pé...


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Obs.: A tela usada na ilustração é do artista pernambucano Carlos Lócio.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
De: Ysolda Cabral


Observando o voo dos pássaros,
Seus belos e suaves pousos;
Na beira do rio quase morto,
Ou nas árvores de verde duvidoso;
Sinto do fundo da minha alma,
Que nem tudo está perdido.

Observando o gesto do menino de rua,
O qual se benze e agradece,
Pela pequena moeda recebida,
Com verdadeira e sincera alegria;
Sinto do fundo da minha alma,
Que nem tudo está perdido.

Observando o amor, a dedicação,
E o carinho de minha irmã,
Pela sua cachorrinha vira-lata de três patas,
- resultado de um atropelamento inevitável –
Sinto do fundo da minha alma,
Que nem tudo está perdido.

Observando o meigo rosto de minha filha,
Dizendo eu amo você mamãe,
- mesmo quando lhe dou um “grito” -
Sinto do fundo da minha alma,
Que nem tudo está perdido.


Observando o lindo e maltratado Mar,
Refletindo a luz do luar,
Inspirando poetas enamorados;
Sinto do fundo da minha alma,
Que nem tudo está perdido.

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É com este pensamento, de que nem tudo está perdido, e, de que ainda há esperança para todos nós, que encerro minhas “atividades literárias” neste ano no Recanto das Letras.

Aproveito para agradecer os setenta e oito mil acessos recebidos, os quais me surpreenderam e me estimularam a escrever com mais dedicação e zelo.

E, com votos sinceros de um Feliz Natal e de um Ano Novo repleto de Paz e Prosperidade para todos, extensivos aos seus familiares e amigos, me despeço com um forte e carinhoso abraço pernambucano.

Com respeito e humildade,

Ysolda Cabral


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Publicado no Recanto das Letras em 11/12/2010
Código do texto: T2665072

MARIA GADÚ X CAE - GRANDE DUO



MARIA GADÚ X CAE – GRANDE DUO
Por: Ysolda Cabral





Ontem fui ao Teatro Guararapes, no Centro de Convenções, assistir ao “Duo”, acima em tela.

Antes de comentar o respectivo show e já adiantando que foi espetacular, gostaria de registrar minha surpresa e tristeza por encontrar o teatro em péssimo estado de conservação.

- Gente do céu, aquele espaço era belíssimo e muitíssimo bem cuidado... !

- O que será que aconteceu?!!

Enfim...

Fiquei encantada com a Maria Gadu, (23 anos) eu e muitos dos que estavam ali e que ainda não a conheciam tão bem, quanto à moçada.

Compositora, musicista (dedilha o violão como há muito tempo eu não via ninguém dedilhar) cantora de extraordinário talento, a qual nos transmitiu simplicidade, meiguice e momentos inesquecíveis de pura beleza e poesia.

Cantou várias músicas suas e de outros compositores, inclusive do Cae. E, para nos cativar ainda mais, nos presenteou com a belíssima canção “Ne Me Quitte Pas” do compositor Jacques Brel, num francês fluente, belo e perfeito.

(Ao término desta, fiz questão de transportar do site especializado à letra traduzida da respectiva canção.)

Quanto ao Caetano, apesar de na sua nova música afirmar que se odeia por estar velho, está muito melhor que antes. Ele não era nem bonito e agora está! Também era “dado” a umas “boiolices preguiçosas”. Achei que elas diminuíram e fiquei na dúvida se achava bom ou ruim... (Rsrs)

Quanto ao artista, ao seu encanto, ao seu talento e a sua voz; estão mais bonitos, profundos e mais aprimorados que nunca.

E, como era de se esperar, com a humildade dos grandes, concedeu um espaço maior para sua “pupila”, a qual retribuiu a altura lhe deixando repleto de orgulho, fato facilmente observado por todos nós.

Contudo, a noite teve um “ponto baixo e desafinado”: eu. Eu, sim senhor!!

- Culpa da Maria Gadú que não perdia oportunidade de “agarrar” e beijar o meu ídolo.

- “Oxe”, que coisa!!!! Pra que tanto?!!!!!

Fiquei a matutar se o que eu estava sentido era ciúme ou inveja da garota.

Hahahahahahahahahaha

A noite foi muito legal. Adorei!!!!

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Publicado no Recanto das Letras em 10/12/2010
Código do texto: T2664718
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Não Me Abandone (Tradução Vagalume)
De: Jacques Blel

Não me abandone, é preciso esquecer,
Tudo se pode esquecer que já ficou pra trás.
Esquecer o tempo dos mal-entendidos
E o tempo perdido a querer saber como
Esquecer essas horas que às vezes mata
A golpes de por quês, o coração de felicidade.

Não me abandone,
Não me abandone,
Não me abandone

Eu te oferecerei pérolas de chuva
Vindas de países onde nunca chove;
Eu escavarei a terra mesmo depois da morte,
Para cobrir teu corpo com ouro e luzes.

Criarei um país onde o amor será rei,
Onde o amor será lei
E você será a rainha.

Não me abandone,
Não me abandone,

Não me abandone, eu te Inventarei
Palavras absurdas que você compreenderá
Te falarei daqueles amantes
Que viram de novo seus corações excitados
Eu te contarei a história daquele rei,
Que morreu porque não pôde te conhecer.

Não me abandone,
Não me abandone,
Não me abandone,

Quantas vezes não se reacendeu
O fogo do antigo vulcão
Que julgávamos velho?

Até há quem fale de terras queimadas
A produzir mais trigo na melhor primavera
É quando a tarde cai, para que o céu se inflame
O vermelho e o negro não se misturam

Não me abandone,
Não me abandone,
Não me abandone,

Eu não vou mais chorar
Não vou mais falar,
Me esconderei aqui
Só para te ver dançar e sorrir,
Para te ouvir cantar e rir.

Deixa-me ser a sombra da tua sombra?
A sombra da tua mão?
A sombra do teu cão?

Não me abandone,
Não me abandone,
Não me abandone,
Não me abandone.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

HOMENAGEANDO MINHA FILHA

MINHA GUERREIRA,



Como falar sobre você, sobre o que sinto por você,
Sobre àquilo que você significa para mim;
Sem parecer piegas?

Como homenagear você,
Como lhe parabenizar por cada vitória conquistada,
Cada desafio vencido,
Sem parecer piegas?

Como dizer de minha alegria,
Do orgulho que sinto em ter você como minha melhor amiga,
Sem parecer piegas?

Como posso dizer que você é a minha vida,
É a minha razão de viver,
Que você é a pessoa mais bonita, mais inteligente,
Mais generosa, mais maravilhosa que conheço,
E que você é meu aconchego;
Sem parecer piegas?

Como posso dizer que;
Amo, adoro e lhe quero bem,
De maneira definitiva e para sempre,
Sem parecer piegas?

Ah! Minha filha,
Você para mim
É a mais pura expressão da poesia.

*****

Conseguir passar por média?!!!!
Bem sei que não foi nada fácil.

Parabéns, por mais esta vitória!!


Beijos,
Mamãe
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ABAIXO, COMENTÁRIO PRA SER GUARDADO:
09/12/2010 00:15 - Yauanna Cabral *
Mamãe, Que homenagem mais linda, não esperava. Amei de coração...E como você mesma me ensinou a sempre demonstrar o que sentimos, então tenho orgulho de dizer que tudo que sou hoje é por sua causa e que meu amor por você não tem dimensão. Obrigada por ser essa mãe... amiga, verdadeira e tão sensível que você é. Eu que tenho muito admiração por Ysolda Cabral que é mãe, guerreira, poetisa, e tantas outras qualidades que você tem.Te amo!
Para o texto:
HOMENAGEANDO MINHA FILHA (T2659161)

sábado, 4 de dezembro de 2010

UM POUCO DE PERDÃO

UM POUCO DE PERDÃO
De: Ysolda Cabral


Gestos de amor
Gestos de alegria
Gestos de amizade
Gestos de bondade
Gestos de caridade

- Sem propagação!

Gestos de carinho
Gestos de compreensão
Gestos de harmonia
Gestos de humildade
Gestos de união...

- Não custam nada não!

São gestos de beleza
São gestos de grandeza
São gestos de nobreza

Não precisam estar em ordem
Bastam ser de coração

E, já que o aniversário Dele se aproxima
- vinte e cinco de dezembro -
Pensar nisso é uma boa opção

Quem sabe você não receba de presente
Um pouco de perdão?!

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Publicado no Recanto das Letras em 04/12/2010
Código do texto: T2652767

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

REFLEXÃO ALEATÓRIA



REFLEXÃO ALEATÓRIA
De: Ysolda Cabral




Não podemos deixar que nos falte:

Paciência para suportar maus tratos, injustiça, indiferença, inveja, falsidade, assédio moral, bulling, discriminação, antipatia gratuita e malvada, bem como para agüentar a dor...

A dor da saudade, do desamor, da juventude que se estragou ou passou...

Controle para se, apenas se, a paciência faltar, se esgotar, você se segurar com unhas e dentes, sem se ferir ou desmoronar.

Humildade para agüentar as intempéries da vida com dignidade e honradez.
.
E, se tudo isso nos faltar; que não nos falte a FÉ.

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Publicado no Recanto das Letras
Em 02/12/2010Código do texto: T2648998

"NEM TUDO QUE RELUZ É OURO"

“NEM TUDO QUE RELUZ É OURO”
De: Ysolda Cabral




Conversando com Ele, em oração ou simplismente conversando, agradeço e protesto. Por vezes até “arengo” e é justamente nesses momentos que O sinto mais perto de mim. Logo pondero que, estou arengando por coisa boba.

Há tanta gente com problemas tão maiores que os meus e não agem assim! E é aí que começo a arengar comigo mesma. Nesses momentos Ele se diverte e pensa: ela começa a aprender; até que enfim!

- Ah, porque será que reclamamos de tudo e nunca estamos satisfeitos com nada?!

A vida é linda e se passássemos a olhá-la com a deferência que ela merece agiríamos diferente, viveríamos muito melhor e muito mais felizes. E, se, nos olhássemos com mais benevolência, paciência, respeito e compreensão, tudo fluiria mais fácil.

Mas, cada um é cada um... Eu sei!

Entretanto, um dos piores defeitos na maioria de nós, pobres mortais, é o engano tolo e irresponsável de se considerar o máximo (acima do bem e do mal) e, por conseguinte, com direito de julgar.

Julgar é atitude perigosa e muito leviana. Afinal, ninguém sabe o coração de ninguém,e, “nem tudo que reluz é ouro” ou “nem todo ouro reluz”.

Hoje julgamos e amanhã quem será julgado seremos nós. Ora, se não podemos falar bem de uma pessoa, o que custa calar?!

Sermos convenientes e éticos é louvável em qualquer situação. Fico terrivelmente triste quando vejo a vida de uma pessoa sendo exposta, criticada, espezinhada...
.
- E, sei do que falo!
.
Somos escritores, poetas fazendo parte de um site cuja finalidade está implícita no próprio nome: “Recanto das Letras”. Portanto, nos focar em escrever textos, os quais sirvam para instruir, refletir e/ou simplesmente fazer sorrir, deve ser o nosso objetivo maior.
.
O resto é desgaste, vaidade e pura perda de tempo.

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Publicado no Recanto das Letras
Em 02/12/2010Código do texto: T2648926



sexta-feira, 26 de novembro de 2010

LORDE DINAMARQUÊS X TÊ LIMA - MAIS UM ROUND



LORDE DINAMARQUÊS X TÊ LIMA – MAIS UM ROUND
De: Ysolda Cabral




Amanheci bem disposta e um tantinho de nada atrasada. Rapidamente tomei banho, me arrumei, comi alguma coisa e corri para o trabalho.

Precisava chegar antes da “fiscalização” do “Lorde Dinamarquês”.

- E não é que consegui?!

Mas logo ele chegou todo faceiro e ficou muito satisfeito por nos encontrar a postos e a “todo vapor”. Deu-nos um bom dia alegre e sorridente ocasião em que, foi interrompido, pela chegada inesperada de um antigo assessor da diretoria, muito querido por todos nós.

A Tê Lima, comentando que se soubesse que ele viria, não teria usado perfume, correu para abraçá-lo.

O “Lorde”, meio chateado pela interrupção e por ficar em segundo plano, caiu na asneira de perguntar a razão do comentário...

Na “bucha” ela respondeu que, o perfume do assessor visitante era muito bom.

Perfume de gente que “podia”... Perfume que grudava na outra pessoa por ocasião do abraço. E o melhor: teria economizado o dela, claro!

O “Lorde Dinamarquês” se sentindo ofendido e ultrajado atacou:

- Economizar perfume da Avon?!!

- Não senhor, do supermercado mesmo e só custa dez reais! Esclareceu a atacada ,e, prosseguindo no revide...

- Pode deixar que no seu aniversário dar-lhe-ei um de presente.

O “Lorde", indignado, informou só usar perfumes dos USA, tais como - Polo Double Black, Blue, Green - se aproximando dela para que sentisse o perfume.

Tê Lima, não se fez de rogada e cheirou. Cheirou uma, duas e três vezes. Só depois é que nos informou, muito séria, com convicção e com cem por cento de certeza ser a fragrância, usada pelo “Lorde” naquela manhã, de origem dos “USA DO PARAGUAI.”

Ele ficou vermelho que nem pimentão - o “Lorde” é dado a ruborizar, ele né fraco não! - Então pensei: “eita", ele vai enfartar!

Para apaziguar os ânimos; depressa lhe perguntei o preço dessas preciosidades. Ele, acalmado, quase que instantaneamente apaziguado e todo sorriso, correu para Internet.

Satisfeitíssimo mostrou que, os seus perfumes preferidos, estavam na faixa de setenta a oitenta dólares. E, com a postura altiva, dos que possuem “sangue azul”, nos cumprimentou e foi para o seu “gabinete” despachar...


Coisas de "Lordes, Nobres... " ! Hahahahahahaha

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Nota:

O “Lorde Dinamarquês” é um “chefe” muito querido e que adora brincadeira. E, lógico que esta publicação tem a sua autorização.

A foto ilustração é do nobre e astrônomo dinamarquês Tycho Brahe. Ele era um personagem interessante. Tinha um alce treinado como animal de estimação e também perdeu a ponta de seu nariz num duelo com outro nobre, também dinamarquês, que o obrigou a usar um nariz falso feito de prata e ouro, mas essa é outra história. Conta-se que, Tycho teve que segurar a vontade de ir ao banheiro durante um banquete particularmente extenso em 1601 (levantar-se no meio de um jantar era considerado como algo realmente ofensivo), a tal ponto que, sua bexiga, levada ao limite, desenvolveu uma infecção pela qual morreu. Análises posteriores sugeriram que Tycho morreu na realidade por envenenamento com mercúrio, mas essa conclusão não é tão interessante como a história original.


Obs. Foto e dados coletados no Google.


PS. " Ysolda Cabral " também é cultura! Hahahahahahahaha


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Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2010

Código do texto: T2637668

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

LUA CHEIA NA NOITE REALIDADE


LUA CHEIA NA NOITE REALIDADE
De: Ysolda Cabral




“Quem espera sempre alcança”, diz o dito popular.
- Não sei não...

A espera nos engana, nos faz ter esperança, nos faz acreditar que dias melhores virão. Você enganado vai vivendo sempre nessa ilusão.

De repente o tempo passa...

– Que consternação!

Você aniquilado passa a viver do passado, e, questionando as renúncias feitas, percebe que continua esperando, sonhando, rezando,acreditando na ilusão.

E haja mais decepção!

O cansaço lhe entorpece, lhe adormece e a impaciência prevalece...

Tenho pra mim que a espera é irmã da esperança e da alegria, mas também é irmã da agonia, da tristeza e da desilusão. Essas últimas são terríveis, malvadas e matam qualquer cristão.

- Sem contemplação!

Quanto aos sonhos que você sonhou acreditando que se realizariam, até por que você fez por onde e lutou bastante para que se realizassem, guarde dentro da alma pra levar na bagagem da sua última viagem.

- Quem sabe na outra vida, se houver, eles não possam ser realizados?

Numa linda noite de lua cheia e céu estrelado, eu vivo realidade.

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Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2010
Código do texto: T2631191

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

CARTA SEM RESPOSTA

CARTA SEM RESPOSTA
De: Ysolda Cabral



Sabe aquela carta de amor,
Borrada de lágrimas de dor,
Salgada e ilegível,
Que lhe escrevi muito triste?

Sabe aquela carta de saudade,
Escrita com o coração solitário,
Com a alma em puro desespero
E o corpo trêmulo de desejo?

Sabe aquela carta mentirosa,
Onde eu declarava a vontade
De nunca mais querer lhe ver?

Se enviei de alguma forma;
Não abra, rasgue e jogue fora,
Pois dela não preciso de resposta.

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Publicado no Recanto das Letras em 15/11/2010
Código do texto: T2617632

PROCLAMAÇÃO DA PREGUIÇA



PROCLAMAÇÃO DA PREGUIÇA
De: Ysolda Cabral



Hoje é segunda feira,
Quinze de novembro
- Que feriadão!

Proclamação da República...
E viva a República então!

Há muito pra fazer:
Faxina, roupa pra lavar,
Passar com ferro quente,
E com vapor pra facilitar.

Àquelas que estiverem rasgadas,
Repare bem e não costure,
Pois não vão servir pra nada,
Jogue fora, troque, mude...

Ou melhor:
Pegue um recipiente seguro,
E, sem contemplação queime tudo.
Afinal nem toda reciclagem convém.
Agradeça a idéia e diga amém!

Só tem um, porém:
Sem “auxiliar” pra ajudar,
Trabalhar não convém.

Proclame a preguiça,
Que se faz anunciar.
Corra pra recebê-la,
Com todos os mimos que apreciar.

Amanhã é outro dia...
Quem irá nos visitar?


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Publicado no Recanto das Letras em 15/11/2010

Código do texto: T2616663

domingo, 14 de novembro de 2010

TRISTEZA QUE MATA

TRISTEZA QUE MATA
De: Ysolda Cabral



Ah! Tristeza que me devora,
Preciso que vá embora.
Deixa-me ficar quietinha,
Entregue a minha própria sorte.

O Por do Sol está lindo,
A noite promete ser estrelada,
E você não me larga!

Meu coração desesperado,
Cansado de viver sozinho,
Se sente um pobre coitado.

E nesta tristeza profunda,
Lá se vai mais um domingo,
Em companhia da tristeza,
Que aos poucos me mata.

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Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2010
Código do texto: T2615443

sábado, 13 de novembro de 2010

SEM PENSAR EM NADA - REPUBLICAÇÃO


Resolvi republicar uma vez que, hoje,especialmente hoje, ando meio "nocauteada" na inspiração e por todos os motivos do mundo. Também por ser a poesia " Sem Pensar Em Nada " uma das minhas poesias mais amadas.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MESA SOLIDÃO

MESA SOLIDÃO
De: Ysolda Cabral


Rosas vermelhas
Luzes de velas
Taças e copos
Pratos e talheres
Delicados guardanapos
Sobre a mesa solidão.

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Publicado no Recanto das Letras em 11/11/2010
Código do texto: T2610551

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

LEMBRANÇAS

LEMBRANÇAS
De: Ysolda Cabral



Lembranças boas e amadas
Lembranças tristes e engraçadas
Lembranças doces e amargas
Lembranças sofridas e desesperadas
Como filtrá-las?

Lembranças que teimam em não desaparecer
Lembranças que aos pouquinhos castiga e mata
E antes que isso aconteça
Como matá-las e esquecer?

Lembranças de você...
Lembranças das coisas que deixamos de fazer
Lembranças do bebê que não quis ter
Lembranças de uma dor infeliz
Lembranças do medo que me contradiz
Por quê?

Lembranças de não querer aprender
Lembranças do bom senso, sem esperança
Lembranças que nos fazem morrer
E antes que isso aconteça
O que fazer?

Lembranças... Lembranças...
Como deixar de tê-las?
Diga-me você.

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Publicado no Recanto das Letras em 10/11/2010
Código do texto: T2607103

terça-feira, 9 de novembro de 2010

VOLTANDO A SER MENINA




VOLTANDO A SER MENINA
De: Ysolda Cabral





Minha característica principal é o bom humor, a alegria, o riso fácil... E, quando fico triste e chateada essa característica fica ainda mais acentuada.

- Sempre achei que “curtir” tristeza não valia à pena.

Entretanto, ultimamente, ando com certa dificuldade para “driblar” as decepções, a falta de sonhos, a falta de esperança, a falta de boas notícias...

Começo a olhar a vida de forma diferente... Será que estou ficando gente grande?

- Não quero ser gente grande!

Por onde anda a menina de sorriso franco que incomodava tanta gente?

Por onde anda a menina que não dava bola pra tristeza?

Por onde anda a menina que, quando ouvia a mãe falar vou chamar seu Davino (pedreiro), na pressa em agradá-la, corria e chamava o Sr. Otaviano o sapateiro?

Por onde anda a menina que andava de bicicleta; caia, levantava, e, mesmo com os joelhos arranhados e sangrando, continuava a pedalar como se não estivesse a sentir nada, mesmo com lágrimas rolando?

- Ah, preciso daquela menina de volta!

Ser gente grande não tem nenhuma graça.

Foi me sentindo assim que cheguei em Mirtes, a minha cabeleireira amiga e psicóloga.

E, sob os protestos dela e de outros que estavam ali, mandei que passasse a tesoura nos meus cabelos, os quais estavam bem crescidos. Quase no ombro e com fios retos.

- Eu os queria longos até ontem...

Depois de cortados bem curtos, num é que me achei bonita?

Peguei emprestada a bicicleta de Rosilda e saí pedalando...

Tinha voltado a ser menina.

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Publicado no Recanto das Letras em 09/11/2010

Código do texto: T2605886

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

CARUARU E O ALMOÇO COM OS PASSARINHOS


CARUARU E O ALMOÇO COM OS PASSARINHOS
De: Ysolda Cabral

Há uns dois anos mais ou menos, havia prometido levar minha amiga Cecília para conhecer minha terra natal; Caruaru. Promessa difícil de cumprir uma vez que, quando uma tinha disponibilidade de tempo à outra não tinha.

Finalmente no último dia 30, pude cumprir a promessa.

Saímos do Recife por volta das oito da manhã. Na estrada pegamos muita chuva. E, ao subirmos a Serra das Russas, a serração era tanta que precisei ligar os faróis, reduzir, em muito a velocidade, pois não se enxergava nem um metro à frente do veículo.

De repente me vi dirigindo numa estrada nas nuvens. Sorrindo feliz, desliguei o som do carro para não perturbar o silêncio dos “anjos” e perguntei à Cecília:

- Que tal viajar no Céu?

Pelo amor de Deus Ysoldinha, que é que isso?! Protestou minha amiga de olhos arregalados.

- Ah! Que louca sou de falar assim... Recriminei-me “descendo do Céu”, bem na cidade de Gravatá, nossa "Suíça Pernambucana II". ( A primeira é Garanhuns, conforme observação do meu amigo Lorde Dinamarquês)

Seguimos viagem...

Logo estávamos em Caruaru e fiquei um tantinho decepcionada por não ter muita coisa para mostrar à minha amiga. A cidade está feia, suja, cheia de obras públicas e pelo visto, de lento andamento...

O Morro do Bom Jesus, o qual era nosso cartão postal, se tornou uma favela feia e triste. A Rua da Matriz se tornou um comprido e estreito estacionamento de carros, carroças, bicicletas e motos.

A Praça do Rosário foi reformada e até que tentaram deixá-la bonita. Infelizmente o resultado não foi grande coisa, pois nem de longe lembra aquela da fonte de água colorida de minha infância. Enfim...

Sentindo-me triste e convicta de que seria impossível chegar à feira de artesanato, devido ao trânsito caótico, resolvi levar Cecília, direto para o Pólo Comercial, pois minha amiga estava ansiosa para conhecê-lo.

Lá, ela se deslumbrou com o espaço, o qual é gigantesco. A enorme variedade das confecções de boa qualidade e preços em conta, facilmente nos seduziu a comprar coisas até que nem precisávamos.

Lá pelas tantas, fomos almoçar.

Na Praça de Alimentação almoçamos em companhia de muita gente e, no mínimo, de uns cinqüenta passarinhos, lindos e bem gordinhos, os quais voavam e cantavam a nossa volta e por sobre nossas cabeças. Foi não foi, pousavam em nossas mesas, comiam do nosso prato sem a menor cerimônia.

Um deles, na mesa vizinha, me chamou a atenção, pois dormia a sono solto, com a cabeça escondida dentro da asinha que nem se mexia!

Pedi à Cecília que tirasse uma foto. Ela tirou, mas esqueceu de salvar de tanta emoção.

Deslumbradas com a cena, digna de filme e muita poesia, fomos interrompidas por uma “gentil senhora” que nos observou:

- Vocês viram que ele está dormindo em pé e que a latinha de cerveja está “deitada” em cima da mesa?

- O passarinho está é bêbedo!

E foi embora morrendo de dar risada, mangando de nós duas.

Olhei para Cecília e vi na cara dela a indignação que sentia na minha.

Sem mais delongas, lhe disse:

- Vamos embora!

- EU NÃO SOU MAIS DAQUI.


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Publicado no Recanto das Letras em 08/11/2010

Código do texto: T2604028

domingo, 7 de novembro de 2010

O HIPNOTISMO DO VENTO

O HIPNOTISMO DO VENTO
De: Ysolda Cabral


No balanço do Vento,
A folha da palmeira,
Sem nenhuma alternativa,
Fica para lá e para cá.

Se tivesse algo para segurar;
Talvez não ficasse nesse balanço,
Que só serve para entontecer,
E, hipnotizar quem fica a olhar.

Tanto é que, o sono que agora sinto,
É mesmo de amargar.

A folha da palmeira lá a balançar,
E eu aqui tentando resistir,
Ao hipnotismo do Vento,
Para não dormir,
E, nem com você sonhar.

Daí o Tempo passa,
Passa propositadamente devagar,
Zombando descaradamente de mim.
Porque será?

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Publicado no Recanto das Letras em 07/11/2010
Código do texto: T2602239

COINCIDÊNCIA DA VIDA POESIA

COINCIDÊNCIA DA VIDA POESIA

SONETO DE AMOR
De: Virgílius


Quem será que habita seus pensamentos?
E por ele..., Silenciosa, Enamorada, e Bela
Caprichosamente..., Se debruça a janela
Como o esperasse, à suaves momentos?

Quem lhes merecerá os sentimentos?
Carinhosamente... O seu amor de donzela?
Quem ousará negá-la como sentinela
Em penhorado amor..., Em juramentos?

Quem dera, eu merecesse tanto carinho.
E eleito do seu amor... ..., Pelo caminho
Contente e feliz eu fosse, em tanto afeto.

Aos sentimentos mais ternos... E serenos.
Aos manifestos da alma..., Mais extremos.
Ou, aos quereres de sí..., Mais perpétuos.

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POEMA EM AGRADECIMENTO


Ah! Meu amigo Poeta,
De teu belo "Soneto de Amor",
Com ilustração mais que pura
E mais que linda, eu te digo:

A "musa" na "fotografia”
É minha mãe querida,
Maria Dilça Lira Cabral.
Uma estrela que no Céu hoje brilha.

Foi esposa, Mãe dedicada e Amiga
Mulher generosa, e muito amada,
Pelos cinco filhos e pelo seu esposo,
Alirio Souto Cabral, nosso Pai.

A surpresa de vê-la de maneira tão rica
Deixou a mim e aos meus, repletos de alegria,
Pelo que agradecemos de todo coração.
Rogando a Deus que lhe conserve esse dom
O qual você usa com beleza e muita maestria.

Ysolda Cabral

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“Minha Nossa...!!!
Fico a refletir como alguém pode definir
e identificar, meticulosamente, o que diz uma
fotografia, donde se "enxerga" a essência.
Pois aqui está escrito exatamente o que foi nossa Mãe.
Explodia em amor!!! Suave e bela!!!
Exalava, mesmo na velhice, a beleza mais pura quando
desciam lágrimas ouvindo sua música predileta: VOCÊ
FOI, de Ysolda, e cantada por Roberto Carlos.

Inára Cabral

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Publicado no Recanto das Letras em 07/11/2010
Código do texto: T2601796

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Atenção!!
Comentário do Virgílius deixado hoje no Recanto das Letras
para a poesia " Eu e a Borboleta"


07/11/2010 09:59 - Virgílius

Tudo bem Poetisa, que eu me inspirei numa fotografia antiga, e de uma linda mulher, e que pra minha agradável surpresa, era a sua mãe. (Eu devia ter desconfiado... rs rs rs... Pra ser bonita do seu tanto, tinha que ter a quem puxar). Mas você minha amiga, inspirou-se magistralmente linda, numa simples borboleta que pousou no parapeito da sua janela... (Com certeza, veio te comtemplar, se comendo de inveja da beleza de você). DEPOIS..., EU É QUE SOU O POETA!!! P.S.: Eis mais um texto, que sem ser preciso você assinar, aonde quer que eu lêsse, saberia-o nascido de sua alma. Ei..., Num esquece, viu... Diz a Inara q'eu mandei um beijo. Um Xêro bem grande pra você!!!

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07/11/2010 10:30 - Ysolda Cabral


Me fazendo chorar a essa hora da manhã e num domingo, meu poeta querido?!!! Isto é correto? Um beijo "visse" bichinho?!

sábado, 6 de novembro de 2010

EU E A BORBOLETA

EU E A BORBOLETA
De: Ysolda Cabral


No final da tarde bonita e quieta,
Resultado de um dia azul e amarelo,
Sentia-me triste e inquieta,
Conjecturando coisas incertas.

De repente uma borboleta,
Pousou com graça e beleza,
Bem no parapeito da minha janela.

Ela era tão linda e delicada!
Suas asas tão perfeitas!
Fiquei extasiada...

Tanta Luz dela emanava,
Tanta força ela me passava,
- Que eu não sei como -
Mas, ela mandou minha tristeza embora.

Queria que ela voltasse agora,
Quem sabe não me faria esquecer,
A saudade que sinto de você,
Pelo menos nesta hora...

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Publicado no Recanto das Letras em 07/11/2010

Código do texto: T2601281

terça-feira, 2 de novembro de 2010

A VIDA DESAPARECEU

A VIDA DESAPARECEU
De: Ysolda Cabral



De repente, não mais que de repente,
Deu-se um branco em minha mente.

Uma coisa realmente de momento.
E a saudade que eu sentia de você,
Perdeu-se no total esquecimento.

Só assim, tão somente assim,
Você sairia de vez da minha alma,
Fazendo meu coração voltar a ter calma.

Agora, livre daquele amor desesperado,
Nunca mais eu vou chorar.
Nunca mais vou sentir a sua falta.
Nunca mais farei um poema a você dedicado.
Isso está sacramentado.

Vou até procurar um papel,
Para anotar dia, hora e a data
Que, este branco abençoado aconteceu.
Bem como todas as promessas que ora faço.

Mas, porque será que não encontro papel?

- O que houve?!

Foi a Vida que desapareceu...

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Publicado no Recanto das Letras em 02/11/2010
Código do texto: T2593279

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

DESEJO ARDENTE

DESEJO ARDENTE
De: Ysolda Cabral


A força do seu nome,
A carícia que há na sua voz,
A virilidade presente em cada gesto que faz;
A calma que transcende
Da personalidade lógica, paciente,
Versátil e inteligente,
Alheia a coisas pequenas;
Faz a saudade ficar latente, patente,
Nascendo o desejo ardente,
De lhe fazer criação da minha mente,
Para não sofrer mais.


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Publicado no Recanto das Letras em 28/10/2010
Código do texto: T2584364
Imagem Google


REFLEXÃO DE UMA GARÇA



REFLEXÃO DE UMA GARÇA
De: Ysolda Cabral



Lindas, brancas e conformadas,
Lá estavam as Garças nas árvores.
Em bucólico abandono, apenas pousadas,
Com aparência debilitada e esfomeada.

Fiquei a refletir, como se Garça fosse:
Porque estou aqui junto aos meus pares,
A beira de um rio quase morto,
Quando posso alcançar outros mares?

O cansaço me abate, é verdade!
Mas não me impede de voar,
Ir para onde a maldade humana,
Não maltrate tanto a Mãe Natureza.

Olho para baixo e vejo um peixe,
Nadando na água fétida e suja.
E, além da fome,
Sinto-me triste e nula.

Penso em pescá-lo,
Não para comer, claro!
Para levá-lo a um lugar mais brando...

Entretanto, se durante o vôo ele morrer?
O engolir seria um verdadeiro sacrilégio...
Porém se assim não proceder,
Também vou morrer e isto é certo.

Ai, meu Deus!

O que devo fazer?

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Publicado no Recanto das Letras em 28/10/2010

Código do texto: T2583283

terça-feira, 26 de outubro de 2010

FIRMES EM PROPÓSITO E UNIÃO

FIRMES EM PROPÓSITO E UNIÃO

De: Ysolda Cabral




Ontem o dia amanheceu frio, nublado e mesmo assim estava bonito. Na orla, o Mar e o Céu se misturavam em doce harmonia e a brisa que sentia no rosto era uma verdadeira carícia.

As pessoas pareciam mais humanas, mais bonitas e mais normais. Não sentia nenhuma energia negativa, apesar da noite mal dormida.

- É que andava brigando muito com meu pensamento e ele revoltado me devolvia pesadelo. E nessa “peleja” caminhamos algum tempo.

Vivíamos numa “estica” e muitas vezes a corda partia. Exaustos caíamos sempre num espaço sem chão.

E o Tempo, fazendo questão de deixar registrada sua passagem, não parava de jeito algum. - Seria só de pirraça...? Não sei não!

E, assim, eu e o meu pensamento, debochávamos desse “quesito" agoniado da Vida e continuávamos a “peleja”, sem restrição.

Hoje, o dia está claro e lindo... O Tempo continua passando e eu e o meu pensamento estamos firmes em propósito e união.


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Ilustração: Carlos Lócio
Pintor pernambucano e professor de artes plásticas

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Publicado no Recanto das Letras em 26/10/2010

Código do texto: T2579925

domingo, 24 de outubro de 2010

NO MEU MAR



NO MEU MAR
De: Ysolda Cabral



Com tanta clareza,
Não conseguia enxergar...

Como barco a deriva,
Num mar revolto,
Fiquei; me deixando levar...

Por vezes sentia salgado o paladar,
Se das ondas, ou se das lágrimas;
Não consigo mais precisar...

A desorientação era tanta,
Mais tanta, tanta;
Nem vale à pena lembrar...!

Sem vislumbrar horizontes,
E sem perspectivas;
Desisti de sonhar.

E, pelas asas do Destino,
Pela força da Sua Natureza,
Consegui me resgatar.

Não sei se foi num dia de domingo,
Ou numa segunda-feira.
- Aliás, tanto faz! -
Para quem continua a navegar.


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Ilustração: Carlos Lócio

Pintor pernambucano e professor de artes plásticas


Publicado no Recanto das Letras em 24/10/2010

Código do texto: T2575483

COISAS DE CECÍLIA

COISAS DE CECÍLIA
De: Ysolda Cabral





Ontem no ônibus, de volta para casa do trabalho, eu e minha amiga Cecília...

Eu sentei numa cadeira na frente e ela em outra, logo atrás de mim. Junto dela uma garota de uns 20 anos – bonita e muito bem vestida. Junto de mim; uma senhora, de aspecto comum, cochilava. Em pé, se segurando em nossas cadeiras, mais uma mulher de 50 anos, aproximadamente, a qual parecia tensa, aflita e muito, muito ansiosa.

Seguimos viagem. Tive vontade de lhe oferecer minha cadeira, mas achei que nas condições em que ela se encontrava, melhor seria ir em pé. Ela, com certeza, não aguentaria ficar sentada de tão aflita que estava.

A garota, junto de Cecília, do nada começou o seguinte diálogo: (Cecília é “dada” a atrair as situações mais inusitadas.)

- Hoje resolvi fazer uma surpresa ao meu namorado e fui dar uma organizada na casa dele. Estava tudo uma bagunça, sabe? – Sei... Respondeu minha amiga toda ouvidos e atenção.

Pois bem; continuou a moça... Quando fui por a roupa na máquina pra lavar, vi que entre elas havia uma calcinha vermelha E NÃO ERA MINHA! - VOCÊ ACREDITA NUMA COISA DESSAS?!!

Cecília, indignada exclamou: “meu Deus!!! E você fez o quê?!

Lavei "né"!!! - Ia fazer o quê?!! E continuou... Ele é bom comigo, não chama nome comigo, não bate em mim e homem "tá" tão difícil de achar, menina... !

Neste exato momento o celular da senhora que estava em pé (a toda aflita), toca. Ela imediatamente atende e aos gritos informa se encontrar dentro do ônibus, num engarrafamento de “lascar” e passa o celular para quem?! – Para Cecília!!!! “Ordenando:”

- Fale pra ele moça, fale!!!

Sem titubear, minha amiga pegou o telefone e falou:

- Meu senhor: lhe garanto que ela e todas nós estamos dentro dum ônibus, cheio pra danar e num engarrafamento daqueles! E acrescentou: sossegue que ela chega já!

Eu, boquiaberta, perguntei a ela se era o seu marido.

Ela em cima da “bucha” me respondeu:

- É meu irmão! Se fosse meu marido já tinha deixado ou matado ele. “visse”? Sou dessas não!!! E, olhou feio pra garota ao lado de Cecília.

Quando descemos do ônibus, perguntei pra minha amiga se ela conhecia as “moças”.

“Oxe”, Ysoldinha, eu nunca nem vi!!!

Coisas de Cecília... Hahahahahaha

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Publicado no Recanto das Letras em 22/10/2010

Código do texto: T2571885

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

NO MANGUE, O ALMOÇO

DO MANGUE, O ALMOÇO
De: Ysolda Cabral



Sob a ponte que passa sobre o Rio,
Bem perto donde ele encontra o Mar,
Lá estava uma menina sozinha,
Na canoa a esperar...

Cabelos ao vento, belos e soltos,
Pés na água, tristezas lavadas,
Pensamentos lindos e loucos,
Tão impossíveis de realizar...!

Remos num canto esquecidos,
Ela linda e embevecida,
Indiferente ao Tempo,
Pra maré baixar.

Mas ele passa rápido,
E logo se vê as pequeninas mãos,
No mangue, sem receio, adentrar.
Um a um o caranguejo vai pegando...

E, na casa de palafita,
- Ali bem perto -
Sem glamour e sem fita,
Onde garças também ficam;
A mãe, grávida de mais um filho,
Lhe espera pra almoçar.

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Publicado no Recanto das Letras em 21/10/2010
Código do texto: T2570826

terça-feira, 19 de outubro de 2010

PALHAÇO DESMASCARADO


PALHAÇO DESMASCARADO
De: Ysolda Cabral





Quando não tenho o que falar; me calo. Entretanto, meu silêncio diz mais de mim do que qualquer outro meio de comunicação que possa existir num ser humano, além da fala.

Agora deixar de escrever é difícil, pois é uma das coisas que mais gosto de fazer, apesar de não saber português, nem conhecer a nova ortografia e de não saber nem de mim.

Mas o fato é que, não posso ver um pedacinho de papel ou um teclado que já vou escrevendo o que me vem na cabeça.

E a maioria daquilo que escrevo são sentimentos meus. Situações vividas por mim ou por outras pessoas as quais, se tiverem algum conteúdo interessante; uma mensagem proveitosa ou simplesmente para divertir e/ou entreter, conto através de crônica ou poesia de versos livres, porém ritmados, para facilitar a composição de uma ou outra música que vez por outra componho. Claro que as situações vividas por terceiros, somente publico com a devida autorização, evidentemente.

Além de matuta nata, de Caruaru-PE, sou “palhaço” e de categoria razoável desde menina, quando inventava mil histórias engraçadas para fazer todo mundo rir, principalmente mamãe.

- Adorava vê-la sorrir, cantar e tocar seu bandolim... Ela era linda, sábia, inteligente, prendada e muito, muito generosa. A melhor mãe do mundo!

Quando ela ficava triste, eu morria por dentro. Por fora, me “vestia” de palhaço, valente, alegre e muito, muito divertido.

Só que eu tinha um diário...

Um dia o esqueci aberto em cima da minha cama.

- Ela leu...

A partir daí, não precisei mais de diário.




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Ilustração: Carlos Lócio
Pintor pernambucano e professor de artes plásticas

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Publicado no Recanto das Letras em 19/10/2010
Código do texto: T2565652

domingo, 17 de outubro de 2010

MEU AMADO


MEU AMADO
De: Ysolda Cabral



Na rosa vermelha,
Todo o meu amor.

Na carta que não abristes,
E nem poderias por motivos óbvios;
As mais lindas poesias,
Com carinho e boas energias.

Recebestes com alegria.
- Até sorristes!
Eu sei, eu sinto.

Do fundo do meu coração te digo,
E milhões de vezes repito
Se preciso for:

Sem teu amor a Vida para mim,
Não tem sentido e nem valor.


Te amo assim e até o fim.

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Publicado no Recanto das Letras em 17/10/2010
Código do texto: T2561681

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SONHO DE MENINO DE RUA

SONHO DE MENINO DE RUA
De: Ysolda Cabral



Na calçada de pedras pontiagudas, sobre um imundo lençol, dormia o menino de no máximo dezesseis anos. O Sol das seis da manhã, intenso e forte, há muito o secara do orvalho da madrugada e o cobria de gotículas de suor as quais, sopradas pela brisa que vinha do mar, brilhavam que nem estrelas.

Sua cabeça encostada no pneu de um carro, como se pneu fosse travesseiro, completava sua total vulnerabilidade. Sensibilizada, preocupada e compadecida com tanto desamparo, senti um aperto no coração e minha manhã ficou turva, nublada...

Angustiada refleti que, precisava fazer alguma coisa.

Entretanto, fiquei num impasse: ali se encontrava um garoto que dormia e talvez sonhasse com um lindo e bucólico lugar, onde não estivesse “soterrado” de descaso e de tanta solidão.

- Acordá-lo seria a atitude mais correta? Ficar velando seu sono eu não poderia... E, se o dono do carro chegasse e desse a partida, sem se aperceber o que do outro lado acontecia?

Devagarzinho, cheguei bem junto dele e sem tocá-lo, para não assustá-lo, lhe dei bom dia. Ele abriu os olhos surpreso e meio envergonhado me sorriu. Em seguida se levantou, dobrou, cuidadosamente, o lençol e foi embora.
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Fiquei o dia inteiro com seu sorriso triste na cabeça e no coração.

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A belíssima tela, a qual ilustra este texto, é do maravilhoso artista plástico Carlos Lócio, pela qual sensibilizada agradeço.


Ysolda Cabral
Publicado no Recanto das Letras em 15/10/2010

Código do texto: T2558944
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"Fiquei o dia inteiro com seu sorriso triste na cabeça e no coração." Depois de deslizar o olhar nas linhas de Sonho de Menino de Rua, a pintura que ilustra ganhou uma nova leitura, mais humana. Foi uma honra estar em uma das suas grandes obras. Continue passando estas ricas mensagens.
.
Carlos Lócio
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Carlos,
A honra é minha em ter uma obra sua ilustrando um texto meu.
Obrigada,
Ysolda Cabral


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O DIA E EU

O DIA E EU
De: Ysolda Cabral


Hoje estamos em pé de igualdade.
Amanhecemos leve,
E nosso “mundo de idéias”
Está lindo e claro.

Nada de ironias,
Nada de filosofia,
Apenas deixar fluir a poesia...

Sem métrica, sem rima,
Sem prolixidade,
Sem vaidade,
E principalmente sem lima.

Objetividade e simplicidade,
São as nossas metas.

O dia cumpre o seu dever de tudo clarear,
E eu, como ser humano,
De agradecer a Ele
A capacidade de enxergar, compreender,
De não me deixar atingir,
E de saber perdoar.


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Publicado no Recanto das Letras em 11/10/2010

Código do texto: T2549884

domingo, 10 de outubro de 2010

VIDA SEM POESIA

VIDA SEM POESIA
De: Ysolda Cabral


Flores amarelas e artificiais,
Num jarro bonito e infecundo,
Telas coloridas e surreais,
Não há vontade de correr o mundo.

A luz do abajur,
Quebra a luz do dia,
Por ter azul em sua simetria,
E tudo me parece em desarmonia.

Livros, vídeos, fotos,
Anotações tolas e sem focos,
Me deprimem e não me dão norte.

Indolente a tarde passa,
E eu aqui a pensar que,
A vida sem poesia é morte.


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Publicado no Recanto das Letras em 10/10/2010
Código do texto: T2548858

sábado, 9 de outubro de 2010

QUERIA SER SAMANTHA A FEITICEIRA



QUERIA SER SAMANTHA A FEITICEIRA
De: Ysolda Cabral



Não sei por que cargas d’agua durante a semana dá um sono danado logo após o almoço e no final de semana não.

Hoje o sono foi tão grande, que tive que puxar conversa com a Belo para não cair da cadeira de minha mesa de trabalho ou em cima dos processos amarelinhos que estavam à minha espera.

- Belo, você soube que apenas uma pessoa tirou na mega-sena os cento e dezenove milhões?

- Soube menina! Que coisa boa não é?!

Continuei... Eu não queria tanto dinheiro assim, pois não teria nem um minutinho de paz, iria querer resolver os problemas de todo mundo e quando fosse lembrar dos meus já não teria dinheiro e nem mais tempo pra nada.

Daí ela começou a falar de alguns clássicos do cinema que vem revendo ultimamente. Até que chegou nos seriados Bonança, Rim Tim Tim, Jeannie é Um Gênio, Samantha a Feiticeira, entre outros.

Eu fiquei a olhar para ela séria e muito compenetrada... De repente lembrei que, quando menina, não queria ser fada pra não perder a varinha de condão e nem a Jeannie!

- Viver presa numa garrafa?! Deus me livre!

- Eu queria ser a feiticeira Samantha!!!!

- Ah, ser a Samantha era o meu sonho!! Claro que sem aquele marido antipático e aquela mãe insuportável, mas ter aquele nariz que com uma mexidinha resolvia qualquer parada seria mesmo o máximo!

E o melhor é que ele, o nariz, “pregado” na minha cara, seria difícil perder ou quebrar.

- A não ser que...

Quase cai de cara em cima dos processos amarelinhos. HahahahahahaNasci mesmo pra ser Ysolda. Hahahahahaha


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Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2010

Código do texto: T2543719

"TIRIRICAÇÃO"

"TIRIRICAÇÃO"
De: Ysolda Cabral




Na minha terra quando alguém dizia estou “tiririca” com você, isso queria dizer que a pessoa estava “por aqui” com a outra, com raiva, chateada e muito indignada...

Pois muito bem: eu estou tiririca com essa celeuma que se criou em torno do Palhaço Tiririca. Vou logo avisando que gosto dele por demais e que ele é um dos meus humoristas preferidos. Ele nem precisa falar, pois só de olhar para ele já dou risada.

- Ou será porque, da cintura para baixo, ele lembra o meu primeiro namorado? (Pernas tortas e bumbum arrebitado?!) (Rsrs)

Meu primeiro namorado também era metido a engraçado, dançava bem e todos achavam que iríamos casar. Terminei casando com uma pessoa completamente diferente.

Entretanto, a questão aqui é outra: a minha “tiriricação”!

Fazer o candidato mais votado, passar pelo vexame de:

Lê um texto em voz alta?! (Se for um texto do RL, nem por isso.)
Fazer um ditado?!!!!
- Pra que isso?! Estão pensando que, ele por ser analfabeto - se for mesmo - é besta?!

- Ah, ta! Esqueço que pra enganar o povo brasileiro é preciso muito mais.

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Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2010

Código do texto: T2542670

domingo, 3 de outubro de 2010

MORRER DE AMOR



MORRER DE AMOR
De: Ysolda Cabral



Indiferente ao meu apelo;
Você segue...

Caminhos distantes e distintos,
Coincidentemente sem sonhos;
No requisito nós dois...

O tempo passa rápido.
No entanto, o sentimento antes estagnado,
Esquecido, até nem muito assimilado;
Encontra-se intacto, convicto do todo que é.

Imenso que nem o universo,
Só! Completo e indestrutível;
A tecer fios de esperança,
Sem propósito definido...

Senão o de aliviar a dor,
Em momento desesperado de saudade;
Que faz a gente querer morrer de amor.

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Publicado no Recanto das Letras em 03/10/2010

Código do texto: T2535201

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

QUERO UMA ROSA

QUERO UMA ROSA
De: Ysolda Cabral



Hoje realmente estou triste,
Tento sorrir e achar graça,
Dos meus inconcebíveis deslizes,

E não acho graça em nada.

Passam por mim muitos rostos,
- Com ou sem maquiagem -
Em muitos deles há tristeza,
Que se revela na camuflagem.

Mas o dia está bonito,
O jardim está florido,
A Papoula está vistosa,
Porém eu queria uma Rosa.

Não precisaria ser tão bela,
Nem necessariamente vermelha,
Mas que conseguisse,
- Pelo menos por ora -
Mandar minha tristeza embora.


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Publicado no Recanto das Letras em 01/10/2010

Código do texto: T2531498

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

NA CONDIÇÃO DE MÃE, PAGUEI MICO!

NA CONDIÇÃO DE MÃE, PAGUEI MICO!
De: Ysolda Cabral





Muito cansada de um dia de trabalho desgastante, fui com minha filha ao Shopping mais próximo de minha casa (menos de cinco minutos). Só fui porque precisava mesmo ir. - Sei perfeitamente que, não convém exigir muito de mim quando estou assim.

Pois bem; saímos de casa, enfrentamos um engarrafamento desesperador e ao chegarmos ao nosso destino ainda tivemos muita dificuldade para encontrar uma vaga no estacionamento. Mas, enfim, chegamos...

Muito mais cansada, com fome e bastante irritada, propus à minha filha jantar e só depois irmos às compras.

Ela me conhece bem e sabendo que, se não concordasse a coisa iria “desandar” de vez, mais que depressa concordou, mesmo sem estar com muita fome.

Na praça de alimentação encontramos uma mesa disponível – única facilidade encontrada naquele dia – fato que me deixou um pouquinho mais animada.

Sentei-me e “abusando da condição de mãe”, mandei minha filha providenciar nosso jantar por não ter disposição nem para isso naquele momento.

Finalmente o jantar foi servido e tudo estava do meu gosto, principalmente a sobremesa.

Satisfeita e descansada, fomos às compras.

Depois de entrarmos em várias lojas e não encontrar quase nada do que estávamos procurando, decidimos ir embora até porque meus pés doíam pra "caramba".

Chateada de não ter comprado tudo e com os saltos a me castigarem, toda a irritação e cansaço de antes voltaram como num passe de mágica.

Foi neste exato momento que dei de cara com uma jovem mãe que trazia junto a si uma garota de uns 10 anos a qual, nos pequeninos braços, segurava – literalmente pendurado – um bebê de poucos dias.

Meu coração gelou e eu, sem vacilar, saí correndo com os braços estendidos pra pegar o bebê caso a menina o deixasse cair. E, como se ainda não bastasse, gritando que a mãe era uma louca de permitir uma coisa daquelas.

Todo mundo parou e o silêncio foi total.

Minha filha, morrendo de vergonha, conseguiu me fazer parar falando que “àquilo” não era um bebê e sim um boneco...

Todo mundo caiu na risada e eu xinguei até a última geração (em pensamento) o idiota que teve a idéia de inventar um “brinquedo” daqueles.

Olhei para minha filha e lhe avisei baixinho: se você também sorrir, não respondo por mim!

- JÁ PRA CASA!

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Publicado no Recanto das Letras em 29/09/2010

Código do texto: T2527211

sábado, 25 de setembro de 2010

APENAS BRINCADEIRA



Revisando meus arquivos, encontrei um comentário brincadeira deixado na página do Recanto das Letras do querido poeta, Jeronimo Madureira, certa ocasião. Resolvi trazê-lo pra cá.



COMENTÁRIO:



Eu, de poesia, em poesia,
Vou compondo a minha vida,
Com versos de alegria,
Tristeza ou saudade.
No coração a certeza de que,
Quando for, já fui tarde.

(RSRS)


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Publicado no Recanto das Letras em 25/09/2010

Código do texto: T252032

ELE É QUEM ME GUIA



ELE É QUEM ME GUIA
De: Ysolda Cabral



A propósito de alguns “ditos populares” gentilmente me enviados pelo escritor “Peregrino” o Luzirmil, me lembrei do seguinte episódio:

“Contra fato, não há argumento.”
“O que está feito, está feito.”
“E, àquilo que não tem solução, solucionado está.”

Assim dizia o refrão da "cantilena" de Maria, todo santo dia enquanto fazia o feijão. Ninguém agüentava mais aquela "mesmice" todo dia. Às vezes ela desafinava e quando isso acontecia, a comida saia doce ou salgada demais.

Tentei descobrir o que não sorria na sua alma – a velha mania de me preocupar com todo mundo que, de alguma forma, faz parte de minha vida - e, como nada descobria, cheguei à conclusão que ela era uma filósofa nata e nem sabia.

Fui um dia lhe contar e como nada me respondia, insisti e ela então falou: “me deixa em paz Ysoldinha, pois o que vale na vida é àquilo que você tem: saúde, paz e alegria.”

Então lhe confidenciei: e Deus, Maria, pois Ele é Quem me guia.


Publicado no Recanto das Letras em 24/09/2010


Código do texto: T2518547

RICO FAZENDO FESTA DE POBRE?!



RICO FAZENDO FESTA DE POBRE?!
De: Ysolda Cabral




Um certo *“chefe” de olhos verdes, saradão (leia-se barrigão), mais de 1,80 de bom gosto e elegância. Gosta de andar com sua bolsa de couro de “crocodilo” a tira colo.

Dentro dela uns quatro ou cinco celulares que não param de tocar – um deles é só para falar com os “Chefes de Estado”, outro é exclusivo para falar com o Presidente da República, isto sem jamais falar um palavrão.

Fora esses amigos, ainda conhece “Deus e todo mundo”, frequenta as “altas-rodas” da sociedade brasileira e internacional, e, claro que, dentre esses, estão artistas e intelectuais. Contudo, seu amigo mais chegado é o Dr. Google.

Tem verdadeira ojeriza a pobre, fazendo questão de alardear: “se um dia fui pobre, não me lembro.”

Todo santo dia vem nos “fiscalizar”, digo, nos dar bom dia. E, com seu jeitão de “lorde inglês”, sempre tem algo a nos ensinar e/ou chamar a atenção.

- Afinal, subalternos serve pra quê?!

Hoje ele chegou muito cansado, com sono, alquebrado. Com ar desleixado, roupas que pareciam ser da **Sulanca e não adquiridas nos EUA, onde esteve recentemente a passeio com sua consorte. Ocasião em que, inclusive, só frequentou restaurantes cinco estrelas, onde as lagostas servidas tinham pra mais de “meio-metro”. – Conforme foto que nos enviou e que ilustra este texto para comprovação daquilo que escrevo e assino.

Pois muito bem, como ia contando; ele hoje chegou cabisbaixo e lógico que ficamos preocupadas! Vendo nossa “sincera” preocupação, todo prosa, nos contou que havia levantado cedinho, as quatro da matina. Fez uma lista de compras e foi ao supermercado, pois havia sido convidado - ele e a esposa - para uma festa em casa de um empresário muito rico, seu amigo. E, que, como tal, teria que levar um "pratinho" para a “grandiosa” festa.

Como a despensa de sua casa estava um “tantinho” desprovida... Decidiu cedinho resolver a questão.

A minha amiga e colega de trabalho, Tê Lima, que não deixa escapar nada, com cara de quem não quer nada querendo, mais que depressa lhe perguntou em qual supermercado ele tinha ido assim tão cedo.

- Neste ponto, realmente, não consegui mais me controlar e cai na gargalhada.

A Tê Lima, sem dó ou piedade, prosseguia pausadamente como quem estivesse a refletir, analisando bem a situação...

- Quer dizer que o senhor acordou cedo, foi ao supermercado de pobre, comprar comida pra levar pra festa, na casa do seu amigo rico?!!! E concluiu:

- Vai ser um churrasco e tanto, num vai?!!!

- Podemos ir também?

A gente leva umas “asinhas” na boa!

- Eu posso com uma coisa dessas?! Hahahahahahahahahahaha



* "Chefe" - Pessoa muito querida e divertida, a qual adorou esta brincadeira e autorizou a publicação deste texto.


** Sulanca – comércio de roupas e calçados vendidas em barracas na feira de Caruaru-PE, minha terra natal.



Atenção!!!!!!
Comentário do " Chefe" que acabo de receber:


23/09/2010 11:44 - Deficiente Financeiro
Nota 10. Esse "animal" que estou segurando era uma lagosta que falava inglês. Lagosta nobre. Eu não sou pobre; sou Portador de Deficiência Financeira. Pobre é quem "pega DI 8 e larga DI 5". Beijos.


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"Traduzindo" a última frase do "Lorde", a próposito da pergunta do escritor recantista "Guru Evald" constante em seu comentário:Pobre é quem pega (no trabalho) "di 08 e larga di 5". Ou seja; eu e a Tê Lima pegamos no trabalho das 08:h às 17:h.


Publicado no Recanto das Letras em 23/09/2010

Código do texto: T2515241
EU, MEU COSMO!
De: Ysolda Cabral


Leio e releio notícias
Tão vazias de mim!
Enxugo lágrimas doloridas,
E vou seguindo mundo a fora,
Sem saber aonde ir.

Aqui e acolá paro.
Descanso um pouco,
E na esperança de algo novo;
Eu volto!

A tristeza invade meu ser,
A saudade ajuda a viver,
E, mesmo devastando a minha alma,
Sou compreensão sem muita calma.

Por uma fração de segundo,
Sinto-me firme, forte...
- Meu próprio Cosmo -
Imune às maldades do mundo.


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Publicado no Recanto das Letras em 22/09/2010

Código do texto: T2513081

terça-feira, 21 de setembro de 2010

GAROTA DE PASSARELA



GAROTA DE PASSARELA
De: Ysolda Cabral



Ela é tão graciosa!

Não anda... Não caminha...
Ela simplesmente saltita,
Como se estivesse a dançar,
Sem pressa nenhuma de chegar.

Seu balanço natural é bonito,
Solto, leve, livre de artimanhas,
Verdadeiramente ingênuo,
E gostoso de olhar.

Muito menina ainda,
Não passa por sua cabeça os dramas,
As tramas e as emboscadas da vida.

Quando sorrir,
Seu sorriso encanta,
E ilumina.

Muitos a invejam,
E ela inocentemente ousada,
- Característica própria da idade -
Faz de conta que não percebe,
Que não liga...

Elegantemente altiva,
Muito charmosa e bela,
Segue em frente na “Passarela”
Do seu “Mundo de Magia.”

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Publicado no Recanto das Letras em 21/09/2010

Código do texto: T2511561