terça-feira, 19 de outubro de 2010

PALHAÇO DESMASCARADO


PALHAÇO DESMASCARADO
De: Ysolda Cabral





Quando não tenho o que falar; me calo. Entretanto, meu silêncio diz mais de mim do que qualquer outro meio de comunicação que possa existir num ser humano, além da fala.

Agora deixar de escrever é difícil, pois é uma das coisas que mais gosto de fazer, apesar de não saber português, nem conhecer a nova ortografia e de não saber nem de mim.

Mas o fato é que, não posso ver um pedacinho de papel ou um teclado que já vou escrevendo o que me vem na cabeça.

E a maioria daquilo que escrevo são sentimentos meus. Situações vividas por mim ou por outras pessoas as quais, se tiverem algum conteúdo interessante; uma mensagem proveitosa ou simplesmente para divertir e/ou entreter, conto através de crônica ou poesia de versos livres, porém ritmados, para facilitar a composição de uma ou outra música que vez por outra componho. Claro que as situações vividas por terceiros, somente publico com a devida autorização, evidentemente.

Além de matuta nata, de Caruaru-PE, sou “palhaço” e de categoria razoável desde menina, quando inventava mil histórias engraçadas para fazer todo mundo rir, principalmente mamãe.

- Adorava vê-la sorrir, cantar e tocar seu bandolim... Ela era linda, sábia, inteligente, prendada e muito, muito generosa. A melhor mãe do mundo!

Quando ela ficava triste, eu morria por dentro. Por fora, me “vestia” de palhaço, valente, alegre e muito, muito divertido.

Só que eu tinha um diário...

Um dia o esqueci aberto em cima da minha cama.

- Ela leu...

A partir daí, não precisei mais de diário.




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Ilustração: Carlos Lócio
Pintor pernambucano e professor de artes plásticas

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Publicado no Recanto das Letras em 19/10/2010
Código do texto: T2565652