quinta-feira, 28 de outubro de 2010

DESEJO ARDENTE

DESEJO ARDENTE
De: Ysolda Cabral


A força do seu nome,
A carícia que há na sua voz,
A virilidade presente em cada gesto que faz;
A calma que transcende
Da personalidade lógica, paciente,
Versátil e inteligente,
Alheia a coisas pequenas;
Faz a saudade ficar latente, patente,
Nascendo o desejo ardente,
De lhe fazer criação da minha mente,
Para não sofrer mais.


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Publicado no Recanto das Letras em 28/10/2010
Código do texto: T2584364
Imagem Google


REFLEXÃO DE UMA GARÇA



REFLEXÃO DE UMA GARÇA
De: Ysolda Cabral



Lindas, brancas e conformadas,
Lá estavam as Garças nas árvores.
Em bucólico abandono, apenas pousadas,
Com aparência debilitada e esfomeada.

Fiquei a refletir, como se Garça fosse:
Porque estou aqui junto aos meus pares,
A beira de um rio quase morto,
Quando posso alcançar outros mares?

O cansaço me abate, é verdade!
Mas não me impede de voar,
Ir para onde a maldade humana,
Não maltrate tanto a Mãe Natureza.

Olho para baixo e vejo um peixe,
Nadando na água fétida e suja.
E, além da fome,
Sinto-me triste e nula.

Penso em pescá-lo,
Não para comer, claro!
Para levá-lo a um lugar mais brando...

Entretanto, se durante o vôo ele morrer?
O engolir seria um verdadeiro sacrilégio...
Porém se assim não proceder,
Também vou morrer e isto é certo.

Ai, meu Deus!

O que devo fazer?

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Publicado no Recanto das Letras em 28/10/2010

Código do texto: T2583283

terça-feira, 26 de outubro de 2010

FIRMES EM PROPÓSITO E UNIÃO

FIRMES EM PROPÓSITO E UNIÃO

De: Ysolda Cabral




Ontem o dia amanheceu frio, nublado e mesmo assim estava bonito. Na orla, o Mar e o Céu se misturavam em doce harmonia e a brisa que sentia no rosto era uma verdadeira carícia.

As pessoas pareciam mais humanas, mais bonitas e mais normais. Não sentia nenhuma energia negativa, apesar da noite mal dormida.

- É que andava brigando muito com meu pensamento e ele revoltado me devolvia pesadelo. E nessa “peleja” caminhamos algum tempo.

Vivíamos numa “estica” e muitas vezes a corda partia. Exaustos caíamos sempre num espaço sem chão.

E o Tempo, fazendo questão de deixar registrada sua passagem, não parava de jeito algum. - Seria só de pirraça...? Não sei não!

E, assim, eu e o meu pensamento, debochávamos desse “quesito" agoniado da Vida e continuávamos a “peleja”, sem restrição.

Hoje, o dia está claro e lindo... O Tempo continua passando e eu e o meu pensamento estamos firmes em propósito e união.


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Ilustração: Carlos Lócio
Pintor pernambucano e professor de artes plásticas

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Publicado no Recanto das Letras em 26/10/2010

Código do texto: T2579925

domingo, 24 de outubro de 2010

NO MEU MAR



NO MEU MAR
De: Ysolda Cabral



Com tanta clareza,
Não conseguia enxergar...

Como barco a deriva,
Num mar revolto,
Fiquei; me deixando levar...

Por vezes sentia salgado o paladar,
Se das ondas, ou se das lágrimas;
Não consigo mais precisar...

A desorientação era tanta,
Mais tanta, tanta;
Nem vale à pena lembrar...!

Sem vislumbrar horizontes,
E sem perspectivas;
Desisti de sonhar.

E, pelas asas do Destino,
Pela força da Sua Natureza,
Consegui me resgatar.

Não sei se foi num dia de domingo,
Ou numa segunda-feira.
- Aliás, tanto faz! -
Para quem continua a navegar.


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Ilustração: Carlos Lócio

Pintor pernambucano e professor de artes plásticas


Publicado no Recanto das Letras em 24/10/2010

Código do texto: T2575483

COISAS DE CECÍLIA

COISAS DE CECÍLIA
De: Ysolda Cabral





Ontem no ônibus, de volta para casa do trabalho, eu e minha amiga Cecília...

Eu sentei numa cadeira na frente e ela em outra, logo atrás de mim. Junto dela uma garota de uns 20 anos – bonita e muito bem vestida. Junto de mim; uma senhora, de aspecto comum, cochilava. Em pé, se segurando em nossas cadeiras, mais uma mulher de 50 anos, aproximadamente, a qual parecia tensa, aflita e muito, muito ansiosa.

Seguimos viagem. Tive vontade de lhe oferecer minha cadeira, mas achei que nas condições em que ela se encontrava, melhor seria ir em pé. Ela, com certeza, não aguentaria ficar sentada de tão aflita que estava.

A garota, junto de Cecília, do nada começou o seguinte diálogo: (Cecília é “dada” a atrair as situações mais inusitadas.)

- Hoje resolvi fazer uma surpresa ao meu namorado e fui dar uma organizada na casa dele. Estava tudo uma bagunça, sabe? – Sei... Respondeu minha amiga toda ouvidos e atenção.

Pois bem; continuou a moça... Quando fui por a roupa na máquina pra lavar, vi que entre elas havia uma calcinha vermelha E NÃO ERA MINHA! - VOCÊ ACREDITA NUMA COISA DESSAS?!!

Cecília, indignada exclamou: “meu Deus!!! E você fez o quê?!

Lavei "né"!!! - Ia fazer o quê?!! E continuou... Ele é bom comigo, não chama nome comigo, não bate em mim e homem "tá" tão difícil de achar, menina... !

Neste exato momento o celular da senhora que estava em pé (a toda aflita), toca. Ela imediatamente atende e aos gritos informa se encontrar dentro do ônibus, num engarrafamento de “lascar” e passa o celular para quem?! – Para Cecília!!!! “Ordenando:”

- Fale pra ele moça, fale!!!

Sem titubear, minha amiga pegou o telefone e falou:

- Meu senhor: lhe garanto que ela e todas nós estamos dentro dum ônibus, cheio pra danar e num engarrafamento daqueles! E acrescentou: sossegue que ela chega já!

Eu, boquiaberta, perguntei a ela se era o seu marido.

Ela em cima da “bucha” me respondeu:

- É meu irmão! Se fosse meu marido já tinha deixado ou matado ele. “visse”? Sou dessas não!!! E, olhou feio pra garota ao lado de Cecília.

Quando descemos do ônibus, perguntei pra minha amiga se ela conhecia as “moças”.

“Oxe”, Ysoldinha, eu nunca nem vi!!!

Coisas de Cecília... Hahahahahaha

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Publicado no Recanto das Letras em 22/10/2010

Código do texto: T2571885

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

NO MANGUE, O ALMOÇO

DO MANGUE, O ALMOÇO
De: Ysolda Cabral



Sob a ponte que passa sobre o Rio,
Bem perto donde ele encontra o Mar,
Lá estava uma menina sozinha,
Na canoa a esperar...

Cabelos ao vento, belos e soltos,
Pés na água, tristezas lavadas,
Pensamentos lindos e loucos,
Tão impossíveis de realizar...!

Remos num canto esquecidos,
Ela linda e embevecida,
Indiferente ao Tempo,
Pra maré baixar.

Mas ele passa rápido,
E logo se vê as pequeninas mãos,
No mangue, sem receio, adentrar.
Um a um o caranguejo vai pegando...

E, na casa de palafita,
- Ali bem perto -
Sem glamour e sem fita,
Onde garças também ficam;
A mãe, grávida de mais um filho,
Lhe espera pra almoçar.

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Publicado no Recanto das Letras em 21/10/2010
Código do texto: T2570826

terça-feira, 19 de outubro de 2010

PALHAÇO DESMASCARADO


PALHAÇO DESMASCARADO
De: Ysolda Cabral





Quando não tenho o que falar; me calo. Entretanto, meu silêncio diz mais de mim do que qualquer outro meio de comunicação que possa existir num ser humano, além da fala.

Agora deixar de escrever é difícil, pois é uma das coisas que mais gosto de fazer, apesar de não saber português, nem conhecer a nova ortografia e de não saber nem de mim.

Mas o fato é que, não posso ver um pedacinho de papel ou um teclado que já vou escrevendo o que me vem na cabeça.

E a maioria daquilo que escrevo são sentimentos meus. Situações vividas por mim ou por outras pessoas as quais, se tiverem algum conteúdo interessante; uma mensagem proveitosa ou simplesmente para divertir e/ou entreter, conto através de crônica ou poesia de versos livres, porém ritmados, para facilitar a composição de uma ou outra música que vez por outra componho. Claro que as situações vividas por terceiros, somente publico com a devida autorização, evidentemente.

Além de matuta nata, de Caruaru-PE, sou “palhaço” e de categoria razoável desde menina, quando inventava mil histórias engraçadas para fazer todo mundo rir, principalmente mamãe.

- Adorava vê-la sorrir, cantar e tocar seu bandolim... Ela era linda, sábia, inteligente, prendada e muito, muito generosa. A melhor mãe do mundo!

Quando ela ficava triste, eu morria por dentro. Por fora, me “vestia” de palhaço, valente, alegre e muito, muito divertido.

Só que eu tinha um diário...

Um dia o esqueci aberto em cima da minha cama.

- Ela leu...

A partir daí, não precisei mais de diário.




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Ilustração: Carlos Lócio
Pintor pernambucano e professor de artes plásticas

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Publicado no Recanto das Letras em 19/10/2010
Código do texto: T2565652

domingo, 17 de outubro de 2010

MEU AMADO


MEU AMADO
De: Ysolda Cabral



Na rosa vermelha,
Todo o meu amor.

Na carta que não abristes,
E nem poderias por motivos óbvios;
As mais lindas poesias,
Com carinho e boas energias.

Recebestes com alegria.
- Até sorristes!
Eu sei, eu sinto.

Do fundo do meu coração te digo,
E milhões de vezes repito
Se preciso for:

Sem teu amor a Vida para mim,
Não tem sentido e nem valor.


Te amo assim e até o fim.

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Publicado no Recanto das Letras em 17/10/2010
Código do texto: T2561681

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

SONHO DE MENINO DE RUA

SONHO DE MENINO DE RUA
De: Ysolda Cabral



Na calçada de pedras pontiagudas, sobre um imundo lençol, dormia o menino de no máximo dezesseis anos. O Sol das seis da manhã, intenso e forte, há muito o secara do orvalho da madrugada e o cobria de gotículas de suor as quais, sopradas pela brisa que vinha do mar, brilhavam que nem estrelas.

Sua cabeça encostada no pneu de um carro, como se pneu fosse travesseiro, completava sua total vulnerabilidade. Sensibilizada, preocupada e compadecida com tanto desamparo, senti um aperto no coração e minha manhã ficou turva, nublada...

Angustiada refleti que, precisava fazer alguma coisa.

Entretanto, fiquei num impasse: ali se encontrava um garoto que dormia e talvez sonhasse com um lindo e bucólico lugar, onde não estivesse “soterrado” de descaso e de tanta solidão.

- Acordá-lo seria a atitude mais correta? Ficar velando seu sono eu não poderia... E, se o dono do carro chegasse e desse a partida, sem se aperceber o que do outro lado acontecia?

Devagarzinho, cheguei bem junto dele e sem tocá-lo, para não assustá-lo, lhe dei bom dia. Ele abriu os olhos surpreso e meio envergonhado me sorriu. Em seguida se levantou, dobrou, cuidadosamente, o lençol e foi embora.
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Fiquei o dia inteiro com seu sorriso triste na cabeça e no coração.

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A belíssima tela, a qual ilustra este texto, é do maravilhoso artista plástico Carlos Lócio, pela qual sensibilizada agradeço.


Ysolda Cabral
Publicado no Recanto das Letras em 15/10/2010

Código do texto: T2558944
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"Fiquei o dia inteiro com seu sorriso triste na cabeça e no coração." Depois de deslizar o olhar nas linhas de Sonho de Menino de Rua, a pintura que ilustra ganhou uma nova leitura, mais humana. Foi uma honra estar em uma das suas grandes obras. Continue passando estas ricas mensagens.
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Carlos Lócio
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Carlos,
A honra é minha em ter uma obra sua ilustrando um texto meu.
Obrigada,
Ysolda Cabral


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O DIA E EU

O DIA E EU
De: Ysolda Cabral


Hoje estamos em pé de igualdade.
Amanhecemos leve,
E nosso “mundo de idéias”
Está lindo e claro.

Nada de ironias,
Nada de filosofia,
Apenas deixar fluir a poesia...

Sem métrica, sem rima,
Sem prolixidade,
Sem vaidade,
E principalmente sem lima.

Objetividade e simplicidade,
São as nossas metas.

O dia cumpre o seu dever de tudo clarear,
E eu, como ser humano,
De agradecer a Ele
A capacidade de enxergar, compreender,
De não me deixar atingir,
E de saber perdoar.


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Publicado no Recanto das Letras em 11/10/2010

Código do texto: T2549884

domingo, 10 de outubro de 2010

VIDA SEM POESIA

VIDA SEM POESIA
De: Ysolda Cabral


Flores amarelas e artificiais,
Num jarro bonito e infecundo,
Telas coloridas e surreais,
Não há vontade de correr o mundo.

A luz do abajur,
Quebra a luz do dia,
Por ter azul em sua simetria,
E tudo me parece em desarmonia.

Livros, vídeos, fotos,
Anotações tolas e sem focos,
Me deprimem e não me dão norte.

Indolente a tarde passa,
E eu aqui a pensar que,
A vida sem poesia é morte.


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Publicado no Recanto das Letras em 10/10/2010
Código do texto: T2548858

sábado, 9 de outubro de 2010

QUERIA SER SAMANTHA A FEITICEIRA



QUERIA SER SAMANTHA A FEITICEIRA
De: Ysolda Cabral



Não sei por que cargas d’agua durante a semana dá um sono danado logo após o almoço e no final de semana não.

Hoje o sono foi tão grande, que tive que puxar conversa com a Belo para não cair da cadeira de minha mesa de trabalho ou em cima dos processos amarelinhos que estavam à minha espera.

- Belo, você soube que apenas uma pessoa tirou na mega-sena os cento e dezenove milhões?

- Soube menina! Que coisa boa não é?!

Continuei... Eu não queria tanto dinheiro assim, pois não teria nem um minutinho de paz, iria querer resolver os problemas de todo mundo e quando fosse lembrar dos meus já não teria dinheiro e nem mais tempo pra nada.

Daí ela começou a falar de alguns clássicos do cinema que vem revendo ultimamente. Até que chegou nos seriados Bonança, Rim Tim Tim, Jeannie é Um Gênio, Samantha a Feiticeira, entre outros.

Eu fiquei a olhar para ela séria e muito compenetrada... De repente lembrei que, quando menina, não queria ser fada pra não perder a varinha de condão e nem a Jeannie!

- Viver presa numa garrafa?! Deus me livre!

- Eu queria ser a feiticeira Samantha!!!!

- Ah, ser a Samantha era o meu sonho!! Claro que sem aquele marido antipático e aquela mãe insuportável, mas ter aquele nariz que com uma mexidinha resolvia qualquer parada seria mesmo o máximo!

E o melhor é que ele, o nariz, “pregado” na minha cara, seria difícil perder ou quebrar.

- A não ser que...

Quase cai de cara em cima dos processos amarelinhos. HahahahahahaNasci mesmo pra ser Ysolda. Hahahahahaha


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Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2010

Código do texto: T2543719

"TIRIRICAÇÃO"

"TIRIRICAÇÃO"
De: Ysolda Cabral




Na minha terra quando alguém dizia estou “tiririca” com você, isso queria dizer que a pessoa estava “por aqui” com a outra, com raiva, chateada e muito indignada...

Pois muito bem: eu estou tiririca com essa celeuma que se criou em torno do Palhaço Tiririca. Vou logo avisando que gosto dele por demais e que ele é um dos meus humoristas preferidos. Ele nem precisa falar, pois só de olhar para ele já dou risada.

- Ou será porque, da cintura para baixo, ele lembra o meu primeiro namorado? (Pernas tortas e bumbum arrebitado?!) (Rsrs)

Meu primeiro namorado também era metido a engraçado, dançava bem e todos achavam que iríamos casar. Terminei casando com uma pessoa completamente diferente.

Entretanto, a questão aqui é outra: a minha “tiriricação”!

Fazer o candidato mais votado, passar pelo vexame de:

Lê um texto em voz alta?! (Se for um texto do RL, nem por isso.)
Fazer um ditado?!!!!
- Pra que isso?! Estão pensando que, ele por ser analfabeto - se for mesmo - é besta?!

- Ah, ta! Esqueço que pra enganar o povo brasileiro é preciso muito mais.

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Publicado no Recanto das Letras em 07/10/2010

Código do texto: T2542670

domingo, 3 de outubro de 2010

MORRER DE AMOR



MORRER DE AMOR
De: Ysolda Cabral



Indiferente ao meu apelo;
Você segue...

Caminhos distantes e distintos,
Coincidentemente sem sonhos;
No requisito nós dois...

O tempo passa rápido.
No entanto, o sentimento antes estagnado,
Esquecido, até nem muito assimilado;
Encontra-se intacto, convicto do todo que é.

Imenso que nem o universo,
Só! Completo e indestrutível;
A tecer fios de esperança,
Sem propósito definido...

Senão o de aliviar a dor,
Em momento desesperado de saudade;
Que faz a gente querer morrer de amor.

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Publicado no Recanto das Letras em 03/10/2010

Código do texto: T2535201

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

QUERO UMA ROSA

QUERO UMA ROSA
De: Ysolda Cabral



Hoje realmente estou triste,
Tento sorrir e achar graça,
Dos meus inconcebíveis deslizes,

E não acho graça em nada.

Passam por mim muitos rostos,
- Com ou sem maquiagem -
Em muitos deles há tristeza,
Que se revela na camuflagem.

Mas o dia está bonito,
O jardim está florido,
A Papoula está vistosa,
Porém eu queria uma Rosa.

Não precisaria ser tão bela,
Nem necessariamente vermelha,
Mas que conseguisse,
- Pelo menos por ora -
Mandar minha tristeza embora.


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Publicado no Recanto das Letras em 01/10/2010

Código do texto: T2531498