domingo, 25 de abril de 2010

AI QUE SAUDADES DE MADALENA...

AI QUE SAUDADES DE MADALENA...
De: Ysolda Cabral




Por um bom tempo “Madalena” foi minha companheira de todas as horas. Se a tristeza me abatia corria pra ela, e, juntas, botávamos o pé na estrada, sem destino e a qualquer hora. Não havia tempo ruim pra gente. Disposição pra viajar não nos faltava. O dinheiro, sempre muito curto, era o problema, mas nada de muito significativo. Éramos econômicas, harmônicas e sem pressa alguma. Aqui e acolá parávamos para renovar as “baterias” e seguíamos viagem.

Nunca tivemos atropelo algum. Nosso “casamento” era perfeito. Até que resolvi trocar “Madalena” por um “Príncipe Encantado”, bonitinho e ordinário. Toda manhã não queria sair de casa, de jeito algum, e, nas manhãs de inverno, o inferno era maior. Eu fazia de tudo pra ele querer sair e nada. Quando cismava, cismava mesmo. A confusão era tanta que terminávamos por acordar toda a vizinhança.

Nossa “convivência” foi ficando cada vez mais desastrosa difícil de ser apaziguada e eu resolvi me separar dele definitivamente. Porém, como ele, além de tudo era alcoólatra, essa separação não seria nada fácil. Depois de muito pelejar, uma amiga psicóloga resolveu investir naquela relação e o tirou de mim. – Que alívio!!!

Resolvido o problema logo arranjei um novo companheiro, e, mais outro e mais outro, até que cheguei num bem novinho e disposto, mas quem já não tinha mais tanta disposição era eu.

Quanto a minha querida e adorada “Madalena” deve ter ido parar nas mãos dos “Mamonas Assassinas”, se tornou amarela e depois do lamentável ocorrido, nunca mais tive notícias dela.

Ai que saudades de “Madalena”! (Rsrs)


**********

Publicado no Recanto das Letras em 23/04/2010
Código do texto: T2214998