segunda-feira, 9 de julho de 2012

TARDE QUE CHORAMINGA


TARDE QUE CHORAMINGA
De: Ysolda Cabral


O poeta perguntou por onde ando
E eu parei, olhei para um lado e para o outro,
Para cima e para baixo e não me achei.

A sensação de vazio e de tristeza
Apoderou-se de mim
De forma tão intensa que sorri.

Comecei a ler velhos escritos
Procurando por mim em cada linha
Que no caderno da vida alinhavei,
Constatando  ter sumido.

Será que nunca existi?
Será que à tarde que choraminga,
Faz isso porque morri
Ou porque ainda não nasci?

- Realidade...
O que será isso de verdade?

- Estou triste, muito triste...
Já é tarde!

Contudo, lá fora
Minha jardineira espera ser regada,
Os passarinhos já se recolheram,
A noite se anuncia
E o vazio está devidamente preenchido.

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Publicado no Recanto das Letras  em 21/06/2012
Código do texto: T3736906