domingo, 19 de fevereiro de 2012

CORTEJO FÚNEBRE EM HORA ERRADA



CORTEJO FÚNEBRE EM HORA ERRADA
De: Ysolda Cabral



O bloco passou lentamente,
Mas não deu pra ver se toda aquela gente,
Gritava de alegria ou de tristeza somente.

Suas cores eram difusas,
A música parecia desafinada,
A qual misturada ao som da chuva,
Parecia um cortejo fúnebre em hora errada.

Lembrei de outros Carnavais...
Da Laurça e do Papamgu da minha terra,
Que ao passarem ao invés de nos trazerem alegria,
Fazia-nos morrer de medo e eu tremia.

Sempre alguém dizia: ''É brincadeira!''
Mas eu corria tudo o que podia.
E, se encontrasse uma mesa,
Debaixo dela eu me escondia.

Rezava uma Ave-Maria,
Rogando que o Carnaval acabasse.
E como num passe de mágica,
Via-me em outras plagas,
Encontrando silêncio e poesia.

O coração acalmado,
O sorriso voltava a minha cara.
E a minha voz eu escutava aliviada,
Com muito fervor dando Graças.

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Publicado no Recanto das Letras em 19/02/2012
Código do texto: T3508395