sábado, 5 de junho de 2010

BAFUNGA EM CARUARU E O AMIGO DA ONÇA


BAFUNGA EM CARUARU E O AMIGO DA ONÇA
De: Ysolda Cabral

À poetisa e escritora Ana Bailune

Para me fazer sorrir, a linda, meiga e competente escritora, Ana Bailune, andou contando suas peraltices de quando ainda era menina em sua crônica intitulada “Singelas Lembranças de Infância”, publicada no último dia 30.

Confesso que fiquei surpresa, muito contente e me sentindo “cuidada” por essa amiga maravilhosa que se preocupou em me fazer sorrir no momento em que percebeu, com sua sensibilidade de poetisa maravilhosa e de ser humano extraordinário, que eu andava meio triste, precisando de um “colinho”. - Conseguiu minha querida. Sorri muito, muito mesmo, viu! ( Ela era “virada num maço de pipocas.” Confira e verá a veracidade do que afirmo.) Hahahaha

Pois bem; depois de rir muito, fiquei a lembrar de mim quando criança. Adorava brincar de bonecas com Liane Arruda, filha da melhor amiga de mamãe. Mas gostava mesmo era de subir nos pés de goiaba e manga do quintal de nossas casas.

Andar de bicicleta na chuva, jogar bola, e, mentir, mentir muito pra que todos achassem que eu era a Bam-Bam-bam. Até que um dia me propuseram uma “bafunga” (desafio) coisa de gente corajosa, valente... Quem não realizasse a “bafunga”, teria que pagar uma prenda e bem pesada, além de ficar totalmente desmoralizado, na berlinda por vários e vários dias, e, sabe Deus o quê mais.

Perto de nossa rua, morava uma moça solteirona muito feiosa. Ela lembrava o “Amigo da Onça” e tinha consciência disso, tadinha! Ela era tão braba, tão braba e tão braba que toda garotada morria de medo dela.

A “bafunga” seria; quando ela apontasse na esquina, eu teria que ir até ela e, chegando bem junto dela perguntar: você é o “Amigo da Onça”? Daí teria que sair correndo sem levar nenhum cocorote ou mesmo uma “sombrinhada” na cabeça. Tudo iria depender do humor dela, da minha coragem, rapidez e sorte.

Tudo combinado, explicado e devidamente desafiado, lá ficamos escondidos a espreita de sua aparição na esquina. Nesse dia ela se atrasou, mas não faltou, infelizmente. De repente, lá estava ela e imediatamente ouvi o pessoal gritar: “BAFUNGA”!!!!!

Eu disparei numa carreira doida e quando cheguei bem junto dela parei e fiquei lhe olhando, totalmente paralizada.

Ela estupefacta perguntou, do alto de sua estatura (ela era enorme) e ira; o que você está olhando sua danada?!!!! Por acaso tenho cara de m.?!!!

E eu fiquei mudinha da sil-v-a-vá, pedindo a Deus para não apanhar e nem escutar as vaias dos meus amigos.

Tempos bons... Depois conto mais. :)



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Publicado no Recanto das Letras em 04/06/2010
Código do texto: T2299335